Norte do Paraná

Postado dia 14/05/2014

Hidrelétrica pode acabar com Salto Cavalcanti, em Tomazina

Projeto prevê construção de uma pequena central no Rio das Cinzas e poderá acabar com o Salto Cavalcanti

 

"As obras de infraestrutura previstas no projeto seriam um desperdício de recursos, porque o local perderia o seu principal atrativo", afirma o biólogo Laércio Ribeiro Renó
Tomazina - A possibilidade de construção de uma pequena central hidrelétrica (PCH) no Rio das Cinzas está tirando o sono de alguns ambientalistas do Norte Pioneiro. Se for executada, a obra poderá acabar com uma das principais belezas naturais do Paraná, o Salto Cavalcanti, que se localiza na divisa dos municípios de Tomazina e Arapoti. 

As primeiras etapas para que o projeto se torne realidade já foram cumpridas. A empresa interessada na hidrelétrica, a Santa Helena Energia Ltda, com sede em Curitiba, apresentou o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) com seu respectivo relatório ao Instituto Ambiental do Paraná (IAP) e as audiências públicas para apresentação do projeto à sociedade foram realizadas em outubro do ano passado. 

Para o biólogo e professor Laércio Ribeiro Renó, que faz parte do Comitê da Bacia Hidrográfica do Norte Pioneiro, as audiências públicas não podem ser consideradas representativas porque foram mal divulgadas e contaram com pequena participação da sociedade. 

Renó fez uma análise do projeto e elaborou um documento relacionando os prejuízos que a construção da hidrelétrica poderia causar à região. Ele cita que, "além da destruição de um patrimônio de valor histórico, turístico e cultural de valor inestimável, a construção da hidrelétrica não vai gerar benefícios para a economia da região porque não haverá pagamento de royalties e a geração de empregos é insignificante". 

O ambientalista acrescenta que "as obras de infraestrutura previstas no projeto seriam um desperdício de recursos porque o local perderia o seu principal atrativo, que é o próprio salto". O documento foi entregue ao Ministério Público da Comarca de Tomazina. 

Em Tomazina, os moradores evitam falar sobre o assunto. Algumas pessoas ouvidas pela FOLHA, mas que não se identificaram, se mostram favoráveis ao projeto, acreditando na geração de empregos. 

A aparente indiferença da população preocupa a presidente da ONG Ação em Cidadania, a socióloga Silvana Baul de Azevedo. Ela pretende fazer uma campanha para conscientizar os moradores sobre a importância do Salto Cavalcanti não apenas para a cidade, mas para toda a região. 

Foz do Anta
A obra pode acabar com o salto porque a água do Rio das Cinzas seria represada um pouco acima das quedas d’água. A topografia favorece a construção de um desvio para onde a água seria canalizada para movimentar duas turbinas na casa das máquinas, onde acontece a geração de energia. 

A hidrelétrica foi batizada com o nome de Foz do Anta, que é um pequeno afluente do Rio das Cinzas. Caso venha a ser construída, a usina terá capacidade para gerar apenas 12 megawatss (MW)de energia, o suficiente para abastecer uma cidade com 36 mil habitantes. 

O Salto Cavalcanti é uma das maiores quedas d’água em volume no Paraná – a primeira é formada pelas Cataratas do Iguaçu, em Foz do Iguaçu. Tem cerca de 150 metros de extensão, com média de 15 metros de altura. Fica a 14 quilômetros de Tomazina, sendo 6 quilômetros pela rodovia PR-422, em direção a Wenceslau Braz, e mais 8 quilômetros em estrada de terra, com pouca conservação. 

O local, que já serviu para divulgação oficial dos pontos turísticos do Paraná, hoje está completamente abandonado, inclusive com ruínas de uma passarela levada pela enchente de 2010.
da Folhaweb


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