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Postado dia 24/05/2015 às 12:27:12

Agente infiltrado ajuda a investigar fraudes na Receita Estadual

O delator da corrupção na Receita estadual do Paraná, em Londrina, prestou mais um depoimento nesta sexta-feira (22). O Jornal Nacional teve acesso a detalhes das investigações que levaram à prisão dos acusados de envolvimento.

O homem que aparece à esquerda no vídeo é o policial que mudou de lado. Os investigadores contaram que André Luiz Santelli fazia parte da quadrilha que agia na Receita Estadual em Londrina. Auditores cobravam propina de empresários que deviam impostos. Em troca, anulavam ou reduziam as multas.

Santelli já foi funcionário da Receita Estadual e tem um irmão, Paulo Henrique Santelli, que ainda trabalha no órgão e que faria parte do esquema. A missão do policial era subornar um agente do Gaeco, o Grupo de Combate ao Crime Organizado.

"O objetivo era obter informações das investigações que estavam em curso no Gaeco, ou no Ministério Público como um todo, para se prepararem contra eventuais medidas que fossem adotadas em desfavor deles", afirmou Cláudio Esteves, promotor do Gaeco.

Os promotores de Londrina foram informados do primeiro contato em junho do ano passado. E pediram para que o agente do Gaeco mantivesse as negociações e fingisse colaborar com a quadrilha. Toda ação foi monitorada com a autorização da Justiça.

Em uma das conversas, Santelli diz para o agente que o preço das informações ainda está sendo negociado com a quadrilha.

“Eu ia propor: você quer um negócio assim? Então dá milhão aí. Dou 500 pro cara, 500 pra mim, é um negócio simples", afirmou André Luiz Santelli.

Em um outro encontro, Santelli pergunta se há investigações em andamento no Gaeco e quem são os alvos.

"Nem precisa falar nome. Ó apareceu fulano lá, ciclano sei lá. Parece que tem um bochicho de alguém. É isso que o pessoal quer ouvir", disse André Luiz Santelli.

Após cada conversa, Santelli telefonava para tranquilizar os auditores da Receita.

Auditor: Posso ficar tranquilo?
André Luiz Santelli: Fica tranquilo.
Auditor: Então, está bom.
André Luiz Santelli: Não é nada de espetacular, não.

As investigações duraram até janeiro. O Gaeco prendeu o policial André Luiz Santelli, o irmão dele Paulo Henrique Santelli, o auditor Luiz Antônio de Souza e mais 17 pessoas. Luiz Antônio de Souza fechou acordo de delação premiada e explicou que a quadrilha arrecadou pelo menos R$ 50 milhões em propina de empresários. Dois milhões teriam abastecido a campanha de reeleição do governador Beto Richa, do PSDB.

O policial Andre Santelli e o irmão Paulo Henrique Santelli respondem ao processo em liberdade e continuam trabalhando normalmente. Eles afirmaram que as circunstâncias que levaram à prisão serão esclarecidas durante o processo, na Justiça. E que os fatos são diferentes dos que foram descritos pelo Gaeco.

O auditor Luiz Antônio de Souza confirma tudo o que disse na delação premiada.

O governador Beto Richa afirmou que assuntos relacionados à campanha devem ser tratados com a direção do PSDB. O partido rebateu as declarações atribuídas a Luiz Antonio de Sousa e informou que todas as doações recebidas na campanha de 2014 foram legais e aprovadas pela Justiça Eleitoral.

do Jornal Nacional


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