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Postado dia 21/07/2015 às 16:03:18

Trigêmeas de pais que nunca estudaram viram feras da matemática

E no Rio de janeiro, outros 501 brasileiros também ganharam medalha nesta segunda-feira (20). E eles também são craques, craques da matemática.

No meio das montanhas, no interior do Espírito Santo, num lugar onde moram só 40 famílias. Em uma casa, há 15 anos, nasceram trigêmeas tímidas. Os nomes delas? Fábia, Fabíola, Fabiele.

Filhas de pequenos agricultores de Santa Leopoldina

Elas logo começaram a estudar em uma escola, de uma sala só. Depois, foram estudar mais longe. Só que o ônibus às vezes parava no meio do caminho e o que pode ser assustador para muitos adolescentes: elas não têm internet! Os pais são pequenos agricultores de Santa Leopoldina (ES).

“Nunca fui de estudar não. Quando eu era pequeno nem na escola eu não ia. Pai e mãe, nós era tudo pobre, não tinha nada mesmo, nada nada mesmo. A gente não tem estudo, mas, pelo menos, os filhos”, diz Paulo Loterio, agricultor.

Viagem de avião pela primeira vez

Mas as trigêmeas tímidas sempre gostaram de estudar.

“Quando você tem um objetivo para estudar é muito mais. Muito mais vontade para estudar”, diz Fábia Lotério, 15 anos.

Onde isso poderia levá-las? Nesta segunda-feira (20), elas acordaram no Rio de Janeiro. Até o cabelo está diferente num dia em que vai ser tudo muito novo. Pela primeira vez na vida, elas estão num quarto de hotel. Pela primeira vez na vida, de frente para o mar. Pela primeira vez na vida, viajaram de avião. Mesmo depois disso tudo continuam tímidas. E hoje estão ansiosas. Já atrasadas para o evento que mais querem ver.

Palestra com o vencedor da Medalha Fields

Para o pessoal que se interessa por matemática, o cara que está dando a palestra é um popstar. Não sei se você lembra, mas esse aí é o Artur Ávila. Ele é o vencedor da Medalha Fields, equivalente ao prêmio Nobel da Matemática. O Artur virou um exemplo. Aplaudido de pé. E depois, alvo certeiro de selfies.

“As olimpíadas tiveram um papel muito importante de ponte. Eu não sabia que existia uma carreira de matemática quando eu comecei. As olimpíadas me levaram diretamente da escola para o aprendizado já da matemática num nível avançado e depois para o doutorado”, conta Artur Ávila, pesquisador do IMPA.

E é por causa das olimpíadas de matemática que eles entram agora no Theatro Municipal do Rio de Janeiro. E a premiação foi o motivo pelo qual esse pessoal todo foi ao Rio de Janeiro. São 501 medalhistas de ouro das olimpíadas brasileiras de matemática das escolas públicas. Nesta segunda, eles foram receber a premiação. Foram mais de 18 milhões de inscritos. 

Programa de iniciação científica

“Eu nem sempre gostei de matemática. Daí eu vi a olimpíada como algo divertido. Como uma coisa que eu poderia usar lógica e não usar só fórmula, aquela coisa repetitiva”, diz Juliana Carvalho de Souza
14 anos.

As olimpíadas são organizadas pelo Impa, o Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada. Quem se sai bem, pode participar de um programa de iniciação científica e, quem sabe, seguir carreira na área.

“Eles passam a tomar conhecimento de que eles são bons em nível nacional. E nesse momento o horizonte né, do futuro deles, se abre com perspectivas muito mais enriquecedoras”, destaca César Camacho, diretor-geral do Impa.

Irmãs dedicam à família

E finalmente chega a hora das trigêmeas ganharem suas medalhas. Nas imagens da reportagem, dá pra ver no rosto delas uma mistura de orgulho e timidez.

Para quem você dedica essa medalha:

“À minha família. Porque ela sempre apoiou a gente. Fez de tudo com que a gente tivesse aqui hoje”, dizem as irmãs.

E você tem dúvida de que, depois de hoje, nada será como antes?

 

do Jornal Nacional


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