Norte do Paraná

Postado dia 02/02/2016 às 02:32:01

Área degradada pode se transformar em parque ambiental em Joaquim Távora

Uma iniciativa popular idealizada por quatro amigos de Joaquim Távora conseguiu chamar a atenção das autoridades para transformar o Vale da Pirambeira, área com cerca de 20 hectares de mata nativa a 700 metros do centro da cidade, em um parque ecológico. No final do ano passado, eles recolheram 1.162 assinaturas, quase 15% do eleitorado do município, e apresentaram um projeto de lei na Câmara. A proposta foi aprovada pelos vereadores.
No início deste ano, o Instituto Ambiental do Paraná (IAP) e a Sanepar, além da própria Prefeitura de Joaquim Távora, demonstraram interesse de encampar o projeto por meio de uma parceria. O problema é que a área remanescente de Mata Atlântica, às margens do km 303 da PR-092, está totalmente poluída. Ao longo de cerca de 1,5 quilômetro de trilha aberta pelos idealizadores do projeto, há muito lixo acumulado. Os materiais foram arrastados pelas chuvas de um antigo lixão mantido durante décadas pela prefeitura em um terreno na região.
 
Como a área faz parte de uma propriedade que pertence a uma família de Siqueira Campos, o projeto ainda depende de negociação para que o local possa ser utilizado. O advogado André Tressoldi, um dos idealizadores do parque, ressalta que não há previsão de desapropriação, apenas utilização e manutenção do espaço. "O terreno é acidentado e não serve para lavoura ou criação. Então, essa liberação para a conservação ecológica e exploração turística só traz ganhos para todos", opina.
 
As formações rochosas contidas no Vale apresentam três quedas d’água antes de chegar no fim da trilha, já no Rio Peroba. Em algumas das cachoeiras é possível passar caminhando por trás da água, sobre plataformas naturais esculpidas nas pedras pela ação do tempo. De longe, no entanto, é possível sentir o mau cheiro da água que vem da estação de tratamento de esgoto da Sanepar.
 
Tressoldi conta que quando era criança costumava nadar no Rio Peroba. "Isso aqui era um paraíso, limpo. A gente vinha em um grupo grande de criança para brincar. Queremos resgatar essa opção de lazer para a cidade", justifica. Ele e os amigos abriram uma trilha na base no facão e, todo mês, fazem os reparos necessários. "Fizemos sinalização com plaquinhas e sempre jogamos pó de serra na trilha para facilitar a caminhada", descreve.
 
O plano de Tressoldi é que a trilha, por ser muito íngreme, receba calçamento e corrimãos para que todos possam fazer o percurso. O projeto prevê ainda a construção de três mirantes, onde o visitantes poderão contemplar uma vista geral do vale, e de passarelas cruzando as cachoeiras. "A natureza já fez quase tudo, com um mínimo de estrutura podemos transformar isso aqui em um atrativo e tanto", planeja.
 
O ativista ambiental Rudy de Souza, que também acompanhou a reportagem pela trilha, detalhou os pontos das futuras atrações, como o Paredão das Bromélias, a Fenda dos Morcegos e as cachoeiras Salto das Águas Encantadas, Queda Lágrimas do Vale e Portal das Águas. "A gente espera que o poder público assuma a responsabilidade e nos ajude a recuperar essa área que hoje, infelizmente, está degradada. Até agora as conversas têm sido positivas", destaca.
"Quando fizemos a última expedição para arrumar a trilha, uma criança de 8 anos nos acompanhou. O menino, que não tinha muita intimidade com o mato, ficou admirado. Eu fiquei emocionado quando ele falou: ‘Então essa é a mãe natureza?’", conta Souza. "O Vale da Pirambeira é citado até no Hino do município. Não podemos deixá-lo agonizando desta forma", completou. Nas próximas semanas, o grupo terá reunião com representantes do IAP que devem montar o projeto para o parque.
 
por Celso Felizardo, da Folha de Londrina


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