Médicos do Hospital Regional do Norte Pioneiro estão sem salários há três meses

Médicos do Hospital Regional do Norte Pioneiro (HRNP), em Santo Antônio da Platina, estão sem receber salários e valores correspondentes às escalas dos plantões há três meses. Até então o problema vinha sendo discutido internamente, mas ganhou repercussão após o vazamento de informações contidas em uma carta de rescisão contratual de prestação de serviços entregue na sexta-feira (25) pelo pediatra Reinaldo de Souza Barcala à direção do Consórcio Intermunicipal de Saúde do Norte Pioneiro (Cisnorpi) – órgão que administra a unidade. No documento, o profissional alega que "a atual gestão não tem cumprindo o que prometeu quando assumiu a administração do hospital e sequer dá satisfação aos médicos, que todo mês precisam mendigar pelos seus direitos". 

Na carta, o pediatra reclama do atraso nos pagamentos referentes aos meses de julho, agosto, um saldo dos salários de setembro e outubro. Ele cita o compromisso do Corpo Clínico com o HRNP mesmo sem garantias de que irão receber pelos serviços prestados, e sobre os valores defasados.

"Desde fevereiro de 2015, quando a atual gestão assumiu a administração do hospital, sofremos com os constantes atrasos nos pagamentos, que também estão com os valores congelados há quatro anos. Não interrompemos os atendimentos aos pacientes porque confiamos na promessa dos gestores de que tudo seria resolvido, mas já se passaram 21 meses e nada mudou até agora. O convênio entre o Cisnorpi e o governo estadual venceu no dia 31 de agosto e caminha para a sua renovação, mas os atrasos continuam. Pior que isso, ninguém da direção do hospital nos procura para dar qualquer explicação", reclama o médico. "Sendo assim, não me resta alternativa a não ser pedir a rescisão do meu contrato de prestação de serviços a partir do dia 1º de janeiro de 2017", conclui Barcala.

O presidente do Consórcio Intermunicipal de Saúde do Norte Pioneiro (Cisnorpi) e prefeito de Tomazina, Guilherme Saliba Cury Costa, informou que ao menos dois dos três salários em atraso do Corpo Clínico do Hospital Regional do Norte Pioneiro devem ser pagos até amanhã (1º).

Segundo ele, o problema ocorreu em consequência à burocracia na renovação do convênio de R$ 423 mil mensais entre o Cisnorpi e a Secretaria Estadual de Saúde (Sesa) encerrado em agosto. Costa informou ainda que o valor do contrato deve aumentar de forma significativa, o que permitirá a regularização dos débitos e estabilidade aos profissionais que trabalham no hospital.

O Corpo Clínico do HRNP é composto por 25 especialistas em ortopedia, obstetrícia, pediatria e anestesiologia. Conforme levantado pela reportagem da Folha de Londrina, os pagamentos aos demais profissionais, colaboradores e fornecedores da unidade estão em dia.

POPULAÇÃO DESCONHECE PROBLEMAS
Junio Batista da Silva, 30 anos, trabalha como operador de máquinas na Usina Dacalda, em Jacarezinho, mas mora com a mulher e dois filhos em Cambará. Na manhã de segunda-feira (28), o casal ganhou mais um herdeiro. Gabriel Henrique Pedro da Silva nasceu de nove meses, em Cambará, mas precisou de atendimento médico no Hospital Regional do Norte Pioneiro. O trabalhador não sabia do grave problema que envolve o Corpo Clínico da unidade, e demonstrou preocupação com a possibilidade de os médicos cruzarem os braços por falta pagamento dos salários.

"Minha mulher deu à luz por volta das 7h40, e pouco depois precisou ser transferida com o meu filho para o Hospital Regional por falta de pediatra no Hospital de Cambará. A falta de médicos ocorre na maioria dos hospitais da região, muitos deles nem realizam mais partos, e tudo se concentra no Hospital Regional. Se não fossem esses profissionais eu não sei o que seria dos moradores do Norte Pioneiro. Espero que eles recebam os salários atrasados o quanto antes, e que tudo se normalize por aqui", pondera Silva.

Franciele Maria Pedro Pinto da Silva, de 28 anos, e o filho Gabriel devem permanecer em observação no HRNP até amanhã. Segundo Silva, os médicos o informaram que está tudo bem com sua mulher e o filho, e que a internação faz parte do procedimento pós-parto.

da Folha de Londrina

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