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Postado dia 17/02/2017 às 03:04:28

Quer parecer mais jovem? O jejum é um bom caminho

Quer parecer mais jovem, ter uma vida mais longa ou pelo menos saudável por mais tempo? A restrição calórica (RC), ou dieta que imita o jejum, pode ser um caminho – embora não dos mais agradáveis. A boa notícia é que o “martírio” – pelo menos para a maioria das pessoas – é esporádico e dura apenas cinco dias, de acordo com um estudo publicado essa semana na revista científica Science Translational Medicine. 

No estudo, liderado pelo gerontologista Valter Longo, da Universidade do Sul da Califórnia (USC), nos Estados Unidos, 71 pessoas consumiram uma dieta que imita o jejum durante 5 dias por mês, ao longo de três meses, ou mantiveram sua alimentação normal por três meses e depois fizeram o esquema de jejum. 

Segundo informações da revista americana Scientific American, a dieta do jejum consistia em uma redução calórica de 50% no primeiro dia (totalizando a ingestão de cerca de 1.100 calorias) e de 70% (cerca de 700 calorias) nos outros quatro dias. Nesse período, a alimentação foi 100% baseada em comidas de origem vegetal , composta por sopas, barras energéticas, bebidas energéticas, snacks e suplementos minerais e vitamínicos, fornecidos pela L-Nutra, empresa ligada à USC e a Longo. Além disso, os participantes receberam nutrientes projetados para manipular a expressão de genes envolvidos nos processos relacionados ao envelhecimento. No restante do mês, a alimentação era liberada.

Os participantes que seguiram a dieta que imita o jejum apresentaram redução da pressão sanguínea, do hormônio IGF-1 – relacionado à doenças e envelhecimento -, do índice de massa corporal (IMC), da proteína C reativa (um marcador de inflamação) e melhores níveis de glicose, triglicérides e colesterol.

Uma das preocupações dos pesquisadores era que esse tipo de dieta causasse perda de massa muscular. Felizmente, isso não ocorreu. Segundo Longo, os efeitos regenerativos dessa dieta não ocorrem somente durante o jejum, mas principalmente no período de recuperação. Por outro lado, uma restrição calórica ininterrupta de longo prazo pode causar efeitos contrários, possivelmente ocasionado efeitos negativos observados em condições extremas como a anorexia.

 

Os autores ressaltam que os benefícios foram mais expressivos em pessoas obesas ou que não estavam saudáveis em algum outro aspecto. Por outro lado, essas pessoas também têm que repetir a dieta com maior frequência – uma vez por mês, enquanto indivíduos saudáveis precisam repeti-la apenas duas vezes por ano.

Embora um estudo maior seja necessário, os autores acreditam que esse pode ser um caminho já seria “seguro, praticável e efetivo na redução dos fatores de risco para o envelhecimento, doenças relacionadas ao envelhecimento e para um sistema metabólico saudável”.

No entanto, alguns cientistas permanecem contrários à ideia de restrição calórica. Seus principais argumentos são que as abordagens farmacológicas oferecem melhor potencial anti-envelhecimento; quando se segue uma dieta saudável acompanhada de exercício físico, não é necessário fazer nada extremo nem contar cada caloria ingerida. Há ainda quem diga que a vida já é muito difícil sem dietas restritivas.

Estudos anteriores

A associação entre restrição calórica e longevidade ou, pelo menos, uma vida mais saudável, não é exatamente nova. Pesquisas em laboratório já demostraram diversas vezes o papel anti-envelhecimento da restrição calórica (RC). O problema é que, além do fato da maioria das pessoas não estar interessada em viver mais se isso significar ter que reduzir entre 25% e 50% de sua ingestão calórica, até o momento todas as pesquisas foram feitas em nematoides – vermes que possuem o corpo em formato cilíndrico – e ratos e, portanto, talvez não se apliquem a humanos.

O primeiro estudo a apontar que esses benefícios poderiam ser possivelmente replicados em humanos foi publicado recentemente na revista científica Nature Communications. Em uma pesquisa com macacos rhesus – espécie com padrões de envelhecimento parecidos com o dos humanos – pesquisadores da Universidade de Wisconsin–Madison  e do Instituto Nacional de Envelhecimento, ambos nos Estados Unidos, mostraram que a restrição calórica crônica trouxe benefícios significativos à saúde dos primatas. 

Em um dos casos relatados, um macaco que iniciou uma dieta de 30% de restrição calórica aos 16 anos, idade já considerada avançada para este tipo de animal, chegou aos 43 anos, um marco de longevidade para a espécie, e o equivalente a um ser humano de 130 anos.

de VEJA


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