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Política
Postado dia 20/02/2017 às 18:37:30
Auxiliar de Beto Richa é investigado em caso de desvio de R$ 17 milhões
A Procuradoria-Geral da República e o Ministério Público do Paraná investigam o envolvimento do braço direito do governador Beto Richa (PSDB), o também tucano Valdir Rossoni, num esquema de corrupção que teria desviado aos menos R$ 17 milhões da construção de escolas estaduais. Rossoni é chefe da Casa Civil do Paraná.
As investigações sugerem que havia um conluio entre poder público e iniciativa privada para desviar recursos da Educação, atingindo verbas federais e estaduais. As construtoras contratadas fraudavam as medições de desenvolvimento das obras por fiscais para conseguir a liberação de recursos da secretaria.
O secretário nega envolvimento em irregularidades.
Os projetos quase não saíram do papel. Paralisadas, as obras afetaram a vida de pelo menos 50 mil estudantes, segundo o Ministério Público.
A reportagem teve acesso a documentos em análise na Procuradoria. São indícios reunidos por funcionários da construtora Valor - principal agente dos desvios -, que agora colaboram com a Justiça. O caso corre em sigilo.
Segundo a apuração, uma das empresas investigadas operava no mesmo endereço do escritório político de Rossoni, no edifício Palladion.
No 20º andar, funcionava a PB Construtora, empresa de fachada do mesmo dono da Valor, segundo registro na Junta Comercial. A PB, porém, não está nos arquivods do prédio comercial.
No escritório de imóveis, o escritório de Rossoni estava em nome da empresa J4RL, holding de Jeferson Furlan Nazário. Ele é dono da Embrasil, que presta serviço de segurança na Assembleia Legislativa desde 2011 - início do mandato de Rossoni na presidência da Casa. O contrato foi prorrogado, sem licitação até 2016, ano em que a Embrasil venceu uma concorrência para manter o serviço.
A PB teria funcionado entre julho de 2013 e dezembro de 2014. A suspeita é que Rossoni também usaria a sala nesse período.
Ele alugou o imóvel três meses depois, com Nazário como fiador. O contrato acabou quando Rossoni foi para a Casa Civil, mas funcionários do prédio afirmam que ele continuou usando a sala.
A J4RL recebeu pelo menos três pagamentos da Valor em abril, maio e junho de 2012, que somam R$ 10 mil. O motivo dos depósitos também está sendo investigado.
As primeiras obras da construtoras começaram e foram concluídas em Bituruna, reduto eleitoral de Rossoni, quando seu filho, Rodrigo Rossoni, era prefeito. A partir de então, a empresa começou a vencer licitação do governo estadual.
FAVORITA
Em depoimento ao Ministério Público, a responsável pelos pagamentos à Valor, Nilda Matos Guerner, disse que estranhava a construtora vencer todas as concorrências do governo.
"Dava desconto de 25%. Eu me dava bem com a presidente da comissão de licitação e a gente sempre comentava, né, como é que ela faz essas obrasa", depôs Guerner.
Ela afirmou também que recebia ligações de gabinetes de deputados para pressionar a liberação de pagamentos. Questionada sobre quais eram os deputados, citou Rossoni e o atual presidente da Assembleia, Ademar Traiano (PSDB). Disse, porém, que as ligações não partiam dos próprios parlamentares.
Outro indício é um trecho do depoimento do ex-diretor da Secretaria da Educação, Maurício Fanini. Ele disse que foi Rossoni quem o apresentou ao dono da Valor, Eduardo Lopes de Souza. Fanini e Souza foram indiciados e respondem em liberdade.
Em uma escola em que as medições foram fraudadas, em Rio Nedro, a medição indicara que a obra estava 24% concluída um dia depois de o trabalho começar. Com isso, a empreiteira conseguiu a liberação da verba correspondente à entrega.
O governo liberou oito aditivos para os contratos da Valor em um só dia, o que encareceu as obras em mais de R$ 6 milhões, de acordo com a investigação.
Para concluir as obras - a maioria, no nível do chão -, o Estado planeja abrir novas licitações, sem data definida.
da Folha de S.Paulo