Conheça a mulher que lembra de todas as memórias de sua vida

Algumas pessoas se recordam de memórias muito antigas da infância, outras conseguem decorar fórmulas matemáticas. Já a australiana Rebecca Sharrock, de 27 anos, se lembra de todas as memórias de sua vida, inclusive detalhes e emoções, desde recém nascida. Essa condição rara é chamada pelos especialistas de Memória Autobiográfica Altamente Superiora (HSAM, na sigla em inglês) e apenas 80 pessoas no mundo a possuem.

A memória mais antiga de Rebecca é a de uma vez em que seus pais a colocaram no banco do motorista do carro para uma foto. Ela tinha apenas 12 dias de vida, mas hoje lembra-se que estava curiosa para tocar o assento e o volante. “Quando eu revivo as memórias, as emoções voltam. Se é algo de quando eu era mais jovem é como se minha mente fosse um adulto, mas minhas emoções ainda são daquela idade”, contou ao programa australiano 60 minutes.

Pesadelos

No entanto, ter uma memória extraordinária nem sempre é uma vantagem. “Como ela tinha pesadelos quando criança, para tirar sua mente dos pensamentos, conseguimos que ela recitasse Harry Potter“, explicou Janet, a mãe de Rebecca. Ela decidiu aprender os livros da saga de J.K. Rowling, como uma maneira de manter sua mente ocupada. Porém, os problemas com o sono ainda persistem. “À noite, tenho que dormir com o rádio ligado e uma luz suave. Se está muito escuro ou silencioso, minha mente vaga por todas essas memórias e não consigo dormir”, disse Rebecca.

A jovem conta que, quando “revive” as memórias, as emoções voltam. “Se é algo de quando eu era mais nova, eu vejo com minha mente de adulto, mas as emoções são daquela época”, explica.

Diagnóstico

Entretanto, Rebecca só descobriu que tinha HSAM em 2011, quando sua mãe, Janet Barnes, assistiu um episódio de 60 minutes que mostrava outras pessoas com a condição. “Eu tinha certeza que Becky [Rebecca] tinha aquilo – ela revive suas memórias de forma tão vívida que, ás vezes, ela responde uma pergunta que eu nem perguntei, mas porque ela estava lembrando de uma conversa que nós tivemos anos antes. Na adolescência, ela foi diagnosticada com autismo e transtorno obsessivo compulsivo, então nós achamos que sua memória algo relacionado a isso.”, contou Janet. 

Para ela, descobrir que a filha tinha HSAM foi uma experiência muito positiva. “Eu a vi desabrochar. Ela está mais positiva e capaz de fazer as coisas sozinha. O que é excelente”, finalizou. 

Hoje, Rebecca tem um blog onde divide suas experiências e memórias ao longo desses 27 anos.

de VEJA

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