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Postado dia 26/06/2017 às 20:08:56

Edição de memórias pode ser possível no futuro, indica pesquisa

Memórias específicas poderiam ser selecionadas e apagadas sem afetar as demais, indica um estudo publicado na última semana no periódico Current Biology. Induzindo diferentes tipos de lembranças a partir de neurônios de um caracol, os cientistas perceberam que a força das conexões em memórias associativas (aquelas que estão ligadas a uma resposta ou comportamento) e não associativas (aquelas que aprendemos sem perceber) é mantida por formas diferentes da mesma proteína e, portanto, podem ser bloqueadas seletivamente.

Essa descoberta sugere que, no futuro, seria possível desenvolver medicamentos para “deletar” memórias que desencadeiem ansiedade e transtorno de estresse pós-traumático, sem interferir em outras memórias importantes de eventos passados. “Um foco de nossa pesquisa é desenvolver estratégias para eliminar memórias não associativas problemáticas que podem ser carimbadas no cérebro durante uma experiência traumática sem prejudicar memórias associativas”, diz em comunicado o professor de neurociência Samuel Schacher, do Centro Médico da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos.

“O exemplo que gosto de dar é: se você estiver caminhando em uma área de alta incidência de crime e pegar um atalho através de um beco escuro, e então ver uma caixa de correio nas proximidades, você pode ficar nervoso quando quiser envie algo [por correio] mais tarde”, Schacher explica.  No exemplo, o medo de becos sombrios é uma memória associativa que fornece informações importantes – por exemplo, que becos escuros podem ser perigosos – com base em uma experiência anterior, da própria pessoa ou de outras. O medo das caixas de correio, no entanto, é uma memória incidental, não associativa, que não está diretamente relacionada ao evento traumático, mas que pode desencadear uma sensação estressante sempre que a lembrança for resgatada.

Memórias

O cérebro cria memórias a longo-prazo fortalecendo as conexões entre os neurônios e mantendo-as com o passar do tempo. Estudos anteriores sugeriram que o aumento na força das sinapses – essas conexões entre as células neurais – compartilha propriedades muito parecidas em memórias associativas e não associativas. Por isso, eliminar seletivamente alguma lembrança seria praticamente impossível, pois, para qualquer neurônio, o mesmo mecanismo seria responsável por manter todas as formas de memória.

O objetivo do estudo desenvolvido por Schacher e sua equipe era testar essa teoria, estimulando dois neurônios sensoriais extraídos de um mesmo neurônio motor de um caracol, pertencente ao gênero Aplysia. Um dos neurônios sensoriais foi estimulado para induzir uma memória associativa e outro para resgatar uma memória não associativa. Ao medir a força entre as conexões, os pesquisadores perceberam que elas eram mantidas por formas diferentes da mesma enzima, a proteína quinase M (PKM, na sigla em inglês). Assim, eles descobriram que, ao bloquear uma das proteínas, a memória que normalmente seria ativada poderia ser apagada sem que a outra sofresse qualquer alteração.

Além disso, eles descobriram que memórias sinápticas específicas também podem ser apagadas bloqueando a função de outras moléculas que ajudem a produzir PKMs ou protejam as enzimas de serem quebradas.

Segundo os pesquisadores, os vertebrados possuem versões semelhantes das proteínas PKM encontradas nos caracóis, que participam da formação de memórias de longo prazo. Por isso, o estudo poderia, no futuro, ser aplicado também à memória humana.

de VEJA


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