Política

Postado dia 17/04/2018 às 21:13:16

Seminário discute moradias assistidas para pessoas com autismo

O modelo de moradias assistidas para pessoas com alguma deficiência ou autistas na Holanda foi um dos temas do segundo dia do Seminário Internacional sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA), realizado nesta terça-feira (17), na Assembleia Legislativa do Paraná. A jornalista Fátima de Kwant, que mora há vários anos naquele país europeu, é mãe de autista e falou aos presentes acerca da sua experiência.

As moradias assistidas funcionam como uma forma centralizada de atendimento educacional, de saúde e assistência social para as pessoas com autismo, ofertadas nos diferentes municípios da Holanda. Segundo a jornalista, uma legislação específica assegura este direito. “As moradias assistidas não segregam, muito pelo contrário, elas unem as famílias e as pessoas. A estrutura permite o desenvolvimento, a alfabetização, o incentivo à prática de um ofício, de uma profissão”.

A falta de cuidados e acompanhamento dos familiares do autista, seja por morte ou abandono, é a principal preocupação e um dos motivos que justificariam a existência destes espaços especiais também no Brasil. Na opinião da coordenadora da Clínica Escola de Autismo e uma das incentivadoras da criação da Lei federal nº 12.764, de 27 de dezembro de 2012, que instituiu a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista, Berenice Piana, é papel do poder público assumir as suas responsabilidades no caso. “Não podemos focar apenas nos nossos problemas. É preciso pensar no bem-estar coletivo das pessoas e das famílias. O Estado precisa assumir estas pessoas, que acabam abandonadas, na rua, e precisam de uma residência assistida. Porque vamos imaginar aquela mãe que já está no fim da vida: como ficará o seu filho autista quando ela se for? ”, indagou.

Outra palestrante durante o seminário foi a escritora Kenya Diehl, que contou um pouco da sua trajetória de vida. Ela e o filho são autistas, e mais uma vez reafirmou a necessidade da sociedade compreender e aceitar as pessoas com TEA. “O que o autista precisa é de apoio, proteção, acolhimento e carinho. E não de julgamento ou de preconceito. Antes de sermos autistas, somos pessoas. Quando falo da minha vida, das minhas experiências, quero ser uma ajuda, uma inspiração para pais e mães. Eu não tenho uma profissão, não tenho diploma de curso superior. Mas tenho uma missão”.

O deputado Péricles de Mello (PT), um dos proponentes do evento, juntamente com a deputada Maria Victoria (PP), destacou os importantes avanços do debate e da ampla repercussão do tema. Os deputados Marcio Pacheco (PPL), Tercílio Turini (PPS) e Claudia Pereira (PSC) também participaram do seminário.

Censo quadrienal – No início da tarde desta terça-feira, após o encerramento do seminário, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) aprovou o projeto de lei nº 687/2017, de autoria do deputado Marcio Pacheco, dispondo sobre a realização do censo quadrienal das pessoas com autismo no Paraná, no âmbito da Secretaria de Estado da Saúde.

O objetivo da proposição é criar uma base de dados para elaboração de um cadastro afirmativo da realidade sociocultural, educacional e de saúde destas pessoas e de seus familiares, para melhor fomentar e direcionar as políticas públicas.


comente esta matéria »

Copyright © 2010 - 2024 | Revelia Eventos - Cornélio Procópio - PR
Desenvolvimento AbusarWeb.com.br