Política

Postado dia 14/12/2020 às 22:01:00

Amália Tortato: uma engenheira e aeromoça na Câmara de Curitiba

Foi a frustração com um pequeno negócio de uma loja móvel de roupas em 2011 que não foi para frente por causa da burocracia que fez Amália Tortato (Novo) despertar para a importância da participação política. Essa frustração e o descontentamento com os rumos do País fez com que ela desistisse de morar no outside para se filiar ao Novo, e ser eleita vereadora de Curitiba com 3.092 votos.

Nascida em Telêmaco Borba, ela se mudou para a Capital aos 18 anos para estudar e não voltou mais. Chegou a se formar em Engenharia Mecanica pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) mas deixou a profissão para realizar o sonho de ser aeromoça. Agora na Câmara, ela conta em entrevista ao Bem Paraná que pretende se dedicar à educação infantil, à desburocratização e a fiscalizar as ações da gestão Rafael Greca, de quem promete uma postura de independência.

Bem Paraná - Onde a senhora nasceu e qual sua formação?

Amália Tortato - Nasci em Telêmaco Borba. Morei lá até os 18 anos, e vim para Curitiba e 2002, para fazer faculdade e não voltei mais. Já estou aqui há 18 ans. Sou formada em Engenharia Mecânica pela UFPR. Fiz estágio na área no Lactec por dois anos. Mas acabei não seguindo. Acabei indo realizar um sonho de criança que era ser aeromoça. Eu enfrentei uma certa resistência da família. Estava no quarto ano da faculdade. E resolvi trancar a faculdade para realizar esse sonho. Fiz o curso, acabou dando certo. Mas a exigência da minha mãe era de que eu terminasse a faculdade. Acabei voltando e terminando. Eu gosto bastante de engenharia. É sempre bom ter um plano B.

BP - Foi a sua primeira candidatura?

Amália - Eu me candidatei em 2018 para deputada federal, também pelo Novo. Mas acabei não conseguindo me eleger. É a primeira vez que me candidato para vereadora.

BP - Como foi seu envolvimento com a política?

Amália – Na verdade foram dois fatores que me incentivaram. Em 2011, 2012, eu já era empreendedora. Tive uma loja móvel. Era um conceito inovador na época. Não se ouvir falar de food truck. E a gente resolveu fazer uma loja móvel de roupas. Só o que aconteceu foi que não existia na época, como até hoje não existe uma regulamentação específica para esse tipo de negócio. E a prefeitura acabou nos enquadrando na regulamentação dos ambulantes. E a regulamentação dos ambulantes que diz que eles têm um dia, um horário e um local fixo para trabalhar. Com isso o conceito de nosso negócio móvel foi abaixo e a gente não conseguiu levar o empreendimento em frente. E ali foi onde deu o primeiro estalo. Tem alguma coisa errada aí. A gente tentando empreender, gerar renda, com empresa aberta, pagando imposto, tudo certinho e ainda assim a gente não conseguiu levar o negócio para frente. Eu guardei a frustração de lado, os anos se passaram. 2016 eu já conhecia meu marido, ainda não tinha a minha filha. E a gente estava revoltado com a situação do País, crise econômica, Lava Jato, tanta coisa errada. A gente pensou em morar fora do Brasil em busca de qualidade de vida. Nesse meio tempo em que a gente estava arrumando as coisas para ir embora a minha avó ficou doente e veio a falecer. E aí me deu o segundo estalo. Já imaginou se eu estou do outro lado do mundo e acontece alguma coisa com alguém da minha família. O que eu vou fazer? Eu não gostaria de passar por essa situação. Então a gente resolveu ficar no Brasil. Só que aí eu já não conseguia só ficar assistindo as notícias no jornal. Eu preciso fazer alguma coisa para mudar. Não estou contente com o que estou vendo. Então foi aí que eu peguei aquela minha primeira frustração e resolvi me envolver, comecei a me preparar, estudar para realmente entrar na política e fazer alguma coisa para mudar o cenário que eu não estava satisfeita. De 2016 para cá já venho me preparando. Em 2018 fui candidata a deputada federal. Em 2019, fiz dois cursos da Rede de Ação Política pela Sustentabilidade (Raps) e o Renova BR. Até então minha relação com a política era nenhuma. Acho que levei muito tempo para entender a importância da política. Eu era daquelas pessoas que não queriam saber. Não gostava. Fiquei até meio alienada durante bastante tempo até entender que tudo o que os políticos decidiam impactam na nossa vida. 

Bem Paraná – Qual a principal bandeira de seu mandato?

Amália Tortato – A gente trouxe na campanha quatro principais pilares. Mas o carro chefe foi educação infantil. Minha filha fez um ano ontem. Sempre entendi a importância da educação, mas depois de ter um filho a gente fica mais envolvido. Além disso, a pauta da desburocratização, pelo que eu acabei de contar, não quero que nenhum empreendedor passe pelo que eu passei. Fiscalização é a principal função do vereador. E sustentabilidade. A gente focou bastante na gestão de resíduos sólidos.

BP – Em relação à gestão Greca, a senhora pretende ser da base de apoio, oposição ou independente?

Amália – A gente vai ser independente. É a postura que o Novo já vem adotando. Em todas as outras casas legislativas onde a gente tem eleitos. Até para facilitar a questão da fiscalização. Quando vier projetos que a gente concorda, a gente vai apoiar. Projeto que a gente não concorda, não vai apoiar e vai estar sempre independente para fazer a fiscalização.

BP – Como vê a situação da pandemia em Curitiba e como a prefeitura está lidando com isso?

Amália – A gente até conversou com o prefeito semana passada. Ele falou que estava bem resistente na questão de fechar a cidade. Ele falou que sente que as pessoas parecem não terem se conscientizado. Acho que essa questão da pandemia passa muito por essa questão da conscientização. A gente já está há 9 meses nessa grave crise de saúde, e crise econômica. E a verdade é que as pessoas não conseguem mais ficar em casa, não conseguem mais se sustentar, elas precisam sair para trabalhar. Então a gente tem que achar um jeito de fazer isso com todo o cuidado para que a circulação do vírus seja reduzida. A gente já entendeu que não consegue impedir a circulação do vírus. É uma utopia, enquanto não tiver a vacina, achar que o vírus não vai circular. Então a gente tem que tomar medidas para que as pessoas do grupo de risco não sejam afetadas e que quando alguém seja contaminado, seja internado, a pessoa consiga ter um leito. 

Bem Paraná – Em relação aos pequenos e microempresários, a prefeitura ofereceu R$ 10 milhões para garantia de crédito. Como vê isso?

 

Amália Tortato – O que a gente tem visto nas conversas que eu faço com os empreendedores, é que essas pessoas não conseguiram ter acesso às linhas de crédito, nem governo local, nem do federal. É muito complicado, burocrático e o dinheiro não chegou lá na ponta.

BP – O Novo é um partido que surge com uma proposta de ser diferente dos outros partidos.Mas muitos partidos surgiram dessa forma.Como evitar que o Novo acabe se dobrando ao pragmatismo?Amália – O Novo tem até um crescimento lento até pela questão de ter um pouco mais de controle.Saber que as pessoas que estão entrando no partido têm um alinhamento ideológico.Como filiada do partido, tem uma coisa que nos diferencia muito dos outros partidos, porque a gente não usa o dinheiro do fundo partidário, além do fundo eleitoral.Se o Novo não fizer o que ele prega, não tem como se sustentar como partido. Porque se ele não fizer, os filiados deixam de pagar a mensalidade e o partido deixa de existir. Isso é uma coisa que acaba nos blindando.E meio que dando uma certa garantia de que o que a gente está pregando, nossos valores, o filiado pode nos cobrar. Os filiados do Novo nos cobram muito.


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