Deputados do Paraná alertam para risco de ruptura política

Deputados estaduais aproveitaram a abertura da Semana da Pátria, na sessão desta quarta-feira (1º) da Assembleia Legislativa, para criticar os “arroubos golpistas” e defender a democracia. As declarações foram feitas a propósito das manifestações programadas por aliados do governo Bolsonaro para o próximo dia 7 de setembro, com pautas como a destituição de ministros do Supremo Tribunal Federal e o voto impresso.

Primeiro-secretário da Assembleia, o deputado Luiz Claudio Romanelli (PSB), fez um alerta, citando um artigo publicado no jornal Folha de São Paulo na edição de domingo (29), do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, intitulado “Intervenção armada: crime inafiançável e imprescritível”. “Eu vejo com tristeza e com preocupação os últimos acontecimentos. Os ataques contra o sistema eleitoral, contra os direitos universais e contra as liberdades fundamentais”, apontou Romanelli.

O parlamentar rechaçou o que chamou de afrontas ao Estado de Direito, de cidadãos que pretendem, segundo ele, transformar o Brasil em uma “República de Terceira Classe” e que retomar o voto impresso, por exemplo, seria um retrocesso, uma volta ao coronelismo, presente na República Velha. O mesmo que, segundo o deputado, relegar o controle político da sociedade nas mãos de uns poucos privilegiados. “Projetos de poder não podem e não vão prevalecer com ameaças. A resposta para quem quer dar meia volta à trajetória democrática do nosso país deve ser na mesma intensidade, conforme prevê a Constituição. Mas o que mais me assusta nisso tudo é que estamos debatendo arroubos golpistas, enquanto a população brasileira sofre com a volta da inflação, com a fome, a miséria, com o desemprego e com as consequências e a tragédia provocadas pela pandemia”, disse.

Medo

O líder do governo, deputado Hussein Bakri (PSD) também reafirmou a importância da democracia. Disse que, em toda a sua trajetória política nunca imaginou que fosse assistir a um quadro político como o atual. “Eu confesso que estou com medo, preocupado com as consequências de uma ruptura institucional neste país, que eu não vivi, mas que sei pelo que nos contam os que viveram naqueles tempos sombrios e de muitas dificuldades. Observamos um radicalismo exacerbado nesses tempos estranhos. Espero que possamos passar por esse momento difícil conseguindo manter a nossa democracia. Com ela, pode ser difícil, mas sem ela, sem dúvida, será muito pior”, alertou.

O líder do PT, deputado Tadeu Veneri destacou que, com base na fala do colega de Parlamento, “já se prevê o que vem pela frente nos atos do Sete de Setembro”. Veneri criticou o governo Bolsonaro, que, segundo o deputado, vive de conflitos desde que assumiu.

Feriadão

Os deputados estaduais fizeram nesta quarta-feira pela manhã, duas sessões consecutivas na Assembleia Legislativa, antecipando o feriadão do próximo dia 7 de setembro. Agora, os parlamentares só retomam as sessões no dia 13. Com isso, a Casa ficará sem votações por onze dias.

O feriado de 7 de setembro é na próxima terça-feira. Já na quarta-feira é feriado municipal em comemoração ao dia da Nossa Senhora de Pinhais, padroeira de Curitiba. Para não ter que fazer sessões na segunda-feira, véspera de feriado, os deputados anteciparam a pauta em sessão extraordinária hoje pela manhã que durou pouco mais de 10 minutos. Com a antecipação, não haverá sessões de votação na semana que vem.

Membros do Congresso e do Supremo Tribunal Federal (STF) preveem uma paralisia nas decisões de médio e longo prazo antes do dia 7 de setembro.

 

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