Política

Postado dia 04/08/2022 às 23:29:26

Alvaro Dias decide disputar o Senado contra ex-aliado Moro no Paraná

União Brasil, do ex-juiz, fez proposta para que senador fosse candidato ao governo do Estado; Dias e o ex-ministro da Justiça estão tecnicamente empatados na pesquisa eleitoral mais recente

O senador pelo Paraná e candidato à reeleição Alvaro Dias (Podemos) recusou oferta do União Brasil para que disputasse o governo do Estado em aliança com o ex-juiz Sérgio Moro (União), também candidato ao Senado.

A decisão do senador veio após ele costurar aliança com a a executiva nacional da federação PSDB/Cidadania. O acordo desagradou integrantes dos partidos federados no Estado.

“O Podemos compreendeu bem a nossa posição. A própria bancada do Senado e a executiva nacional do Podemos sempre priorizaram a minha candidatura ao Senado. Eu agradeci ao partido (pelo convite para disputar a presidência) e os apelos de partidos e pessoas para concorrer ao governo, mas o meu foco sempre foi o Senado”, afirmou Dias.

Dias aparece em segundo lugar nas pesquisas eleitorais mais recentes sobre a disputa da vaga, logo atrás de Moro. Conforme levantamento da Real Time Big Data divulgado no dia 21 de julho, Dias tem 26% das intenções de voto e Moro, primeiro colocado, com 31%. Com a margem de erro, eles são considerados tecnicamente empatados.

A convenção estadual do Podemos no Paraná será realizada na sexta-feira, 5, às 18h, em Curitiba. O senador adiou o encontro do partido na tentativa obter apoios à candidatura ao Senado, principalmente depois de não conseguir ser o candidato do governador Ratinho Junior (PSD), que apoiará o deputado federal Paulo Martins (PL).

Dias prometia fazer o anúncio apenas na convenção. Ele ainda tenta mais alianças visando ter mais tempo de propaganda eleitoral na televisão. Aliados ao senador apontam que o PSB e o Solidariedade podem fechar acordo para apoiar a reeleição de Dias. “(A candidatura ao Senado) faz parte do compromisso que assumi de contribuir com a construção nacional do partido”, disse o senador.

Antes de o ex-juiz lançar sua pré-candidatura ao Senado, no dia 12 de julho, era Dias quem liderava as pesquisas. “Tive vários convites, inclusive do União Brasil para disputar o governo”, disse Dias. “Respeito Moro tanto quanto os outros concorrentes, são todos importantes”, afirmou.

Moro lançou a candidatura ao Senado em seu Estado natal, o Paraná, após ter domicílio eleitoral negado em São Paulo. Sua mulher, a advogada Rosângela Wolff Moro (União), deve se candidatar a deputada federal por São Paulo. Segundo Moro, ela estaria “pronta para representá-lo”.

O apoio da federação PSDB/Cidadania envolveu a disputa pelo governo de São Paulo, onde o Podemos apoiará a candidatura de Rodrigo Garcia (PSDB). O acordo desagradou integrantes dos partidos da federação no Paraná, em especial César Silvestri Filho (PSDB), que era pré-candidato ao Senado.

“Foi uma decisão de cima para baixo. Alvaro esperneou em busca de tempo de TV e acabou com o Podemos condicionando a aliança com Rodrigo Garcia a essa questão do Senado. É a política do Paraná servindo de moeda de troca aos interesses de São Paulo”, avaliou. “A verdade é que fica claro que a relação do Alvaro é utilitarista para preservar os interesses dele”, criticou Silvestri Filho.

Para o presidente estadual do Cidadania, o deputado federal Rubens Bueno, a decisão nacional da federação interferiu na negociação estadual, que havia tirado Silvestri da disputa ao governo para que fosse apoiado ao Senado. “Não fomos consultados e vamos avaliar política e juridicamente com o diretório na semana que vem”, explicou. 

Disputa envolve ex-aliados

A entrada de Moro na política teve o apadrinhamento de Dias, apoiador da Lava Jato, operação que deu visibilidade ao ex-juiz federal. Em poucos meses, a relação foi do céu ao inferno. Após se filiar ao Podemos em novembro do ano passado, Moro foi para o União Brasil, em março deste ano.

O episódio estremeceu a relação entre os dois. Dias, inclusive, afirmava que caso a tentativa de Moro de ser candidato à Presidência não desse certo, ele abriria mão da vaga ao Senado para o ex-juiz. Em junho, o racha se intensificou após Moro ter domicílio eleitoral em São Paulo negado pela Justiça Eleitoral. Isso levou o ex-ministro a disputar a eleição pelo Paraná.

Moro refuta que Dias tenha sido seu padrinho político. Aliados dos agora adversários indicam que não houve briga entre eles, mas que o diálogo está rompido. Publicamente, ambos adotam discurso de fazer uma disputa sem ataques.


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