Norte do Paraná

Postado dia 14/06/2021 às 20:36:01

Colônia Internacional - os imigrantes japoneses no Norte do Paraná

O dia 18 de Junho de 2021 marca 113 anos de imigração japonesa ao Brasil. Fato pouco conhecido é a estratégia da Companhia de Terras Norte do Paraná - CTNP para atração de imigrantes nipônicos, no início do empreendimento. E reconhecível pela edição especial de álbuns e mapas.

A CTNP publicou, em junho de 1931, um livreto de dezenove paginas escrito em japonês. O título: Norte do Paraná, Seu Desenvolvimento, Progresso e Futuro; "A CALIFORNIA DO BRASIL". Visava associar o Norte do Paraná à imagem da Califórnia americana, destino principal de imigrantes nipônicos até a restrição gradativa na década de 1920.

Fartamente ilustrado, o impresso tinha apresentação de Hikoma Udihara - CTNP. O texto era de Shuho Nakanishi. Nas legendas consta: "visita de príncipes ingleses à fazenda de Barbosa Ferraz, príncipes e as terras à venda, ponte metálica sobre o rio Paranapanema, vigoroso pé de café no Norte do Paraná, figueira branca gigante, milharal entre pés de café, mata densa, ponte metálica sobre o rio das Cinzas, construção da ferrovia e plantação de arroz com bom desenvolvimento", nessa ordem. Trazia assim o panorama do empreendimento. Inclusive a colheita de arroz, considerado essencial aos imigrantes. Essas imagens seriam reapresentadas nos folders da CTNP, em outras línguas, nos anos seguintes.

Uma tabela anexa, do horário de trens da Companhia Ferroviária São Paulo-Paraná no
trecho Ourinhos a Cornélio Procópio indica oito partidas e retornos diários. A distancia de 125 quilômetros era percorrida em cinco horas.

A chegada dos trilhos em Jatahy estava prevista para Dezembro de 1931. E, "uma estrada de automóveis a partir de Jatahy já está em circulação, atingindo as terras do Núcleo Colonial. Nas imediações da futura estação já está parcelado um patrimônio denominado Londrina. Está em preparação o inicio da venda de lotes, e, a procura é intensa. Há expectativa de grande desenvolvimento." Relata os primórdios de Londrina.

Em inédita descrição, o Heimtal é assim apresentado: "O Núcleo Colonial Heimtal, de imigrantes alemães, tem uma sede onde, visando a criação de um patrimônio moderno, está em projeto a escola, a igreja e o jardim." Visava encorajar os futuros compradores.

Mais ainda, a publicação retrata a situação de imigrantes japoneses no Norte do Paraná. Cita a existência de 12.500 alqueires da Burajiru Iju Kumiai (originou Assaí), junto a 10.000 alqueires da Nambei Tochi Kaisha (originou Uraí), ainda intocadas. Afirmava, enfaticamente: "Não deve existir nenhum pé de café, incluindo os da Fazenda de Barbosa Ferraz, que não tenha passado pelas mãos de imigrantes japoneses". Continuando, "E estimado que seiscentos e cinqüenta famílias de imigrantes japoneses vivam no Norte do Paraná. Entre eles, no entanto, poucos são proprietários de terras, por razões diversas.

Existem ainda dois ou três núcleos, além da Vila Japonesa. Vale considerar o progresso
da Fazenda Nomura com 1.400 alqueires e a Fazenda Atomiya de trezentos alqueires."


Finaliza com um prenuncio: "A ligação da ferrovia e os novos tempos trarão impulso aos imigrantes japoneses no Norte do Paraná. As terras da Nambei Tochi, Iju Kumiai e os trinta mil alqueires da CTNP serão, no futuro, três grandes
empreendimentos."

A CTNP incentivou a formação de Seções ou Bairros Rurais de imigrantes japoneses.
Coexistia ao sistema de planejamento em Glebas. Com a chegada de mais imigrantes,
foi criada em 1933 a Confederação de Associações da Colônia Internacional. Doravante, as terras da CTNP seriam conhecidas como "Colônia Internacional".

O ideograma Takkon - Espírito Desbravador está gravado num monumento de pedra em
Londrina. É na Praça Nishinomiya. Na próxima caminhada, vale uma parada.
Homenagem aos pioneiros!

* Humberto Yamaki é cordenador do LabPaisagem da UEL (Universidade Estadual de Londrina)


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