Norte do Paraná

Postado dia 25/03/2014

Novo colégio reforça cultura de etnias em São Jerônimo da Serra

Aldeia indígena de São Jerônimo da Serra ganha colégio reforçando a cultura de etniasO novo prédio do Colégio Estadual Cacique Kofej, construído pelo governo do Estado em São Jerônimo da Serra (78 km de Londrina), além de ser um centro educacional, também ajuda na preservação da cultura indígena e une as etnias Caingangue, Guarani e Xetá num só espaço de convivência.

 

"Nosso projeto é para que todas essas comunidades tenham, além da educação básica, a educação para jovens e adultos, e cursos para a comunidade", afirmou o vice-governador e secretário estadual da Educação, Flávio Arns.

 

Desde 2011, o governo do Paraná já concluiu e entregou 11 escolas novas para as comunidades indígenas do estado. Com isso, o Paraná tem 36 escolas indígenas espalhadas em 26 municípios. Outras duas escolas estão sendo construídas em Inácio Martins, na região Centro-Sul, e na Ilha da Cotinga, no Litoral. A construção das 13 escolas soma um investimento de R$ 19 milhões.

 

São Jerônimo da Serra

 

Localizada na própria aldeia, o Colégio Estadual Cacique Kofej já existe há anos, mas funcionava em um prédio antigo e desconfortável, que já tinha alguns problemas de estrutura e era pequeno para os 341 alunos matriculados.

 

No ano passado, o governo construiu um prédio novo, com novas salas, biblioteca, cozinha, área coberta e pátio, para que possam ser realizadas as Mostras Pedagógicas e Culturais, evento que acontece há 4 anos e tem importante função de unir as etnias e integrar os índios com a população da região.

 

"A escola é o coração da aldeia. Além de deixarmos as portas abertas para cursos e palestras, também recebemos as lideranças, os caciques, os pais de alunos e a comunidade quando temos as mostras", conta a professora de matemática Alline Gonçalves Proença Gomes, que há dois anos se tornou diretora do colégio.

 

Além do prédio, o colégio recebeu novo mobiliário escolar com carteiras e cadeiras para os alunos. "Também pudemos comprar cortinas para as salas de aula, quadros novos, data show, jogos pedagógicos e até uma máquina de cortar grama", comemora a diretora Alline.

 

O vice-cacique caingangue Ademir da Silva Fidencio conta que com uma estrutura maior a aldeia tem possibilidade de educar todos os jovens e adultos, não precisando mandar seus integrantes para outros colégios. "Agora temos a capacidade de agregar mais alunos que estudavam fora da aldeia e eles têm o privilégio de ter um ensino de qualidade aqui dentro da comunidade", afirmou.

 

Para o vice-cacique guarani José Moraes, a escola nova trouxe mais conforto para os alunos e por isto toda a comunidade ajuda a mantê-la. "Nós temos a melhor escola do município, com um espaço amplo para a educação, por isso todos cuidam dela com muito carinho", afirmou.

A professora Lucianilda Maria Rodrigues, que foi criada numa aldeia vizinha e agora ministra aulas de alfabetização para os alunos mais novos, conta que o novo colégio refletiu na melhoria da educação. "O antigo prédio era quente e não tínhamos áreas cobertas e com sombra. Além disso, quando chovia, tínhamos problemas com goteiras", disse. "Agora temos ventilador, quadros novos uma cozinha maior, isto é, muito mais conforto, o que ajuda na hora de educar".

 

Cultura

Além das mostras anuais, que ajudam na valorização e reconhecimento da cultura indígena com artesanato, comidas típicas e danças e cantos folclóricos, os alunos também têm aulas de Guarani, ministradas por professores da própria comunidade, como é o caso do aluno e professor Marcelo Uchavera Vargas.

 

Marcelo, que cursa no período da noite o 3º ano do ensino médio, passa o dia ensinando a linguagem Guarani para as crianças nas salas de aula. "Morei em várias aldeias e adquiri conhecimentos que me fizeram dar valor para a cultura indígena, por isso resolvi passar o conhecimento para as crianças da escola", conta.

 

"A cultura depende de nós jovens para ser resgatada. Valorizamos o conhecimento dos mais velhos e passamos para as crianças", completou.

 

Merenda

 

Uma das partes mais bem cuidadas do colégio é a nova cozinha e o refeitório. Na antiga sede, a merenda era servida no pátio e os alunos não tinham área coberta para se alimentar. "A estrutura para a alimentação melhorou muito. Temos novos equipamentos, como geladeira, fogão e forno. A cozinha agora é planejada e temos mesas para a refeição", conta a diretora Alline.

 

Com os estímulos aos produtores na agricultura familiar, que já atendem boa parte das escolas em todo estado, há diversificação de produtos para uma alimentação balanceada.

 

O Paraná irá investir, só no primeiro semestre deste ano, R$ 17 milhões na compra de alimentos produzidos por agricultores familiares, que serão repassados a entidades que atendam pessoas em vulnerabilidade social e insegurança alimentar e nutricional, como é o caso da aldeia.

 

"Servimos três refeições por dia, e graças aos programas do governo do Estado, em conjunto com a agricultura familiar, temos frutas e verduras todos os dias para melhorar a qualidade da alimentação", completou Alline.


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