Diferença entre ações culturais e política cultural, em Assaí

No que se refere à questão de Cultura, Assaí tem demorado para encontrar o caminho certo. Antes da análise do real motivo para tal situação, façamos ainda algumas reflexões.

Na semana passada, durante visita a Pequim, na China, a primeira dama Michelle LaVaugh Robinson Obama comentou que "temos visto que os países são mais fortes e mais prósperos quando as vozes e opiniões de todos os cidadãos podem ser ouvidas". Na ocasião, Michelle  comentou que não se pode abrir mão do "debate", mesmo que  ela e seu marido, o presidente Barack Obama, sejam sempre questionados e criticados pela mídia e pelo povo americano.

Essa ligeira introdução se mostra necessária para acalmar os ânimos da comunidade assaiense, diante da análise sobre a questão cultural no município. Eis que os comentários a ser feitos aqui destoam bastante daquele apregoado pelo senso comum pelas ruas da cidade.

Na quinta-feira, 20 de março, em reunião em Cornélio Procópio, o palestrante chamou a atenção de representantes de alguns municípios da região para a diferença entre ações culturais e políticas culturais. Ele também destacou a importância de uma estrutura mínima à disposição das cidades para que realmente possam "fazer Cultura".

No caso de Assaí, fica muito complicado estabelecer políticas naquela área com apenas duas pessoas, ocupando o cargo de secretária (Aparecida Maria Silva de Lima) e de diretora (Mariana Valéria Leonardi). Falta pessoal técnico que possa elaborar projetos de forma continuada, no dia a dia do município.

Michele Obama: importância do debate

Nesse sentido, imagine a Secretaria Municipal de Educação sem pessoal técnico para elaborar projetos, como poderia a cidade receber recursos do governo federal, por meio do PAR (Plano de Ações Articuladas), por exemplo? Sem equipe de engenheiros, como poderia o município elaborar seus vários projetos em busca de verbas federal e estadual, e mesmo dar andamento a seus próprios investimentos? O mesmo raciocínio vale também para o setor de Cultura.

Retomando ainda os conceitos discutidos em Cornélio Procópio para a realidade de Assaí, tem-se que Baile da Rainha, Rodeio Fest, Expoasa, Festa das Nações e outros não significam necessariamente o principal foco de secretariais municipais de Cultura. Trata-se apenas de ações periódicas, eventos esses que não devem monopolizar a atenção da administração pública.

A diferença entre ações culturais e política cultural consiste em responder a seguinte pergunta: "qual a herança a ser deixada por tais eventos?". Uma festa (ação cultural) logo passa. Porém, um curso de violão voltado às famílias carentes tem condições de mudar vidas, proporcionando um festival com aqueles alunos, por exemplo, tornando-os sujeitos de sua própria história, e representando uma ação continuada (política cultural).

Aqui não está se adotando posicionamento contrário à realização de eventos como Baile da Rainha, Rodeio Fest, Expoasa, Festa das Nações. No entanto, afirma-se que a atuação da Secretaria Municipal da Cultura não se pode pautar tão somente por aquelas realizações.

Por outro lado, política cultural a ser desenvolvida por Assaí deveria contemplar uma ação continuada, com inclusão de todos (crianças, adolescentes, mulheres, idosos) por toda a cidade (zona urbana e rural).

Espera-se a cada dia a construção de uma cidade mais vibrante com aulas de teatro, com festival de canção japonesa (em parceria com Laca/Sama), de dança e taikô (aproveitando alunos do ProJovem), com incentivo ao fomento da cultura cosplay, anime e mangá, com realização de saraus, atividade de coral, competições musicais e outros.

Para  a realização de tais projetos, há necessidade de pessoas que "pensem" a Cultura o tempo todo, por isso a Secretaria Municipal precisa de mais que apenas duas funcionárias (secretária e diretora). Tal setor carece de pessoal técnico que faça projetos, que acompanhe a abertura de editais dos governos estadual e federal, que estabeleça parcerias com as várias entidades e segmentos da sociedade assaiense.

PARA SABER MAIS:

O que Assaí está fazendo para receber o castelo japonês

comente esta matéria »