Cornélio Procópio está na luta por implantação de IML

Era Dia de Finados em 2014, por volta das 7h, quando o frentista Devanir Mariano da Silva, 44 anos, foi avisado por amigos que seu irmão, Devair, havia se afogado no Lago São Luiz, em Cornélio Procópio. "Os bombeiros ficaram quase três horas procurando o corpo, uma angustia enorme, porque a gente sempre tem a esperança de encontrá-lo vivo", conta.

Após o resgate e a confirmação do óbito, a família de Devanir, no entanto, teve que passar por mais um trauma. "O corpo do meu irmão ficou exposto, na beira do lago, por quase duas horas, porque o veículo do IML (Instituto Médico-legal) não chegava. Tivemos que liberar para a funerária retirar o corpo, pois havia uma multidão envolta, parecia um estádio de futebol, muito constrangedor", lembra.

Histórias como essas são comuns em toda a região. Além da demora da busca, há também queixas sobre a liberação dos corpos. O motorista de ônibus Sérgio Severino, conta que sua família passou por muita dor com a perda de um primo, supostamente por queda de moto, em novembro de 2013. Ele foi encontrado em óbito em um matagal próximo a uma estrada rural de Bandeirantes, após ficar quase dois dias desaparecido. "O corpo foi levado ao IML de Jacarezinho de noite e liberado apenas às 9h do dia seguinte. É ruim, porque desejávamos fazer o velório o quanto antes, todos já estavam sofrendo há muito tempo". Segundo Severino os familiares não sabem a causa da morte do parente, pois o laudo ainda não foi confeccionado. "Não sabemos se ele caiu, ou bateram nele, ou enfartou, é um mistério".


Em agosto de 2013, a Assembleia Legislativa do Paraná aprovou, por unanimidade, a indicação parlamentar do deputado Mauro Moraes (PSDB), para reativação do IML de Cornélio Procópio. Diversos políticos da região também se movimentam neste sentido, mas sem sucesso. "Fizemos ofícios ao governo, mas não há novidades. Vamos fazer uma nova cobrança. Vejo que é um serviço essencial não só para Cornélio, mas para todos os municípios próximos", diz o deputado Tercílio Turini (PPS).

Em novembro de 2014, o Estado cedeu uma caminhonete S-10 para o município, para a realização do translado até o IML de Londrina, com o objetivo de agilizar a retirada de corpos.

O presidente do Conselho Comunitário de Segurança de Cornélio Procópio (Conseg), Assad Amin, acredita que a medida é insuficiente. "Todos os gastos de combustível, motoristas, estão com o Município. Seria mais útil usar esse dinheiro para ter, ao menos, um ambulatório do IML na cidade, com um médico que realize exames de lesão corporal, estupros, ou liberação de corpos em caso de acidentes, mortes em casa. Hoje eles são feitos só em Londrina, onde há exames com fila de espera de quase uma semana, o que acaba comprometendo muitas investigações policiais", diz.

O Conseg construiu, há dois anos, uma sala no prédio da 1ª Companhia da Polícia Militar em Cornélio Procópio, para instalação do IML, mas o local atualmente não é utilizado. Em nota, a Secretaria Estadual de Segurança Pública (Sesp) informou que existe intenção de implantar um IML em Cornélio Procópio, mas não prevê datas. "O projeto da Secretaria da Segurança Pública, que está em desenvolvimento, prevê a implantação de um Instituto Médico-Legal em cada sede de Área Integrada de Segurança Pública (Aisp), o que inclui Cornélio Procópio", diz a nota.