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Postado dia 29/05/2015 às 15:41:29

Ônibus escolares no interior de SP transportam funcionários do governo

Em uma cidade no interior de São Paulo, o problema com o transporte escolar da zona rural é a superlotação. Mas não por falta de ônibus. Quase 7h e os alunos da zona rural de Salto de Pirapora, interior de São Paulo, fazem fila para subir no ônibus.

Jornal Nacional: Sessenta e três hoje? E ainda veio faltando?
Motorista: Setenta e seis veio ontem!

Jornal Nacional: Quantas crianças chegam a subir neste ônibus por dia?  
Monitora: Sessenta e quatro, 65 alunos.
Jornal Nacional: E quantas deveriam estar? 
Monitora: Quarenta e cinco crianças.

Monitoras e motoristas vão dando um jeito para caber todo mundo.

Jornal Nacional: Os menorzinhos vêm três por banco?
Monitora: Três por banco. O que a gente faz, o pequenininho no meio para ele ficar apertadinho e dá um medo.

No período da tarde, o sufoco se repete. Dez crianças em pé. Têm uma menininha de apenas quatro anos. Para a gente, que é adulto, se segurar já está difícil, agora imaginem uma criança totalmente desprotegida, sem ter como se defender ou se segurar. O Jornal Nacional pegou a rodovia João Leme dos Santos, uma estrada bastante perigosa e que está em obras. E as crianças viajam na rodovia sem cinto de segurança e de pé.

São cinco quilômetros até a escola. E tem mais uma turma esperando.

Jornal Nacional: Se precisar brecar...
Motorista: Já aconteceu já, eu ando muito devagar, se der uma freada criança bate a cabeça.

Mas não falta ônibus escolar em Salto de Pirapora. O ônibus que deveria estar levando as crianças para a zona rural da cidade está estacionado em frente à prefeitura. Enquanto isso, as crianças estão andando nos ônibus que estão superlotados.

Jornal Nacional: Vocês são funcionários da prefeitura. Para onde vocês estão indo? 
Funcionária: Para almoçar.
Jornal Nacional: Almoçar?
Funcionária: Isso.
Jornal Nacional: Todo dia vocês fazem isso?
Funcionária: Sim.
Jornal Nacional: Nesse horário?
Funcionária: É.

O Jornal Nacional flagrou dois ônibus escolares fazendo este transporte. Eles foram comprados com verbas do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação para o programa Caminho da Escola, que tem como prioridade o transporte de alunos da zona rural.

Funcionário: Normal, a gente vai almoçar de ônibus.
Jornal Nacional: Mas de ônibus escolar?
Funcionário: Nem sempre.

Moradores dizem que a situação se repete há mais de um mês. Mas o prefeito, Santelmo Xavier Sobrinho, do PMDB, rebate.

"Quebrou o ônibus estourou o para-brisa e aí foi arrumar parte elétrica. Ele usou estes dias estes ônibus, mas não é frequente isso aí. Mas os funcionários têm ônibus próprio transportar eles sim. Agora, se quebra um ônibus não se pode ocupar outro?”, afirma o prefeito Santelmo Xavier Sobrinho.

Jornal Nacional: Como é que você gostaria que fosse o transporte?
Aluna: Que todo mundo pudesse sentar.

O Fundo Nacional do Desenvolvimento da Educação vai encaminhar a denúncia ao Tribunal de Contas e ao Ministério Público Federal. A prefeitura pode ser enquadrada por improbidade administrativa, além de ter que pagar multa por uso indevido de recursos públicos.

do Jornal Nacional


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