Política

Postado dia 27/10/2016 às 21:53:00

Manifestantes tentam desocupar escolas e provocam tumulto

Escolas estaduais de Curitiba, ocupadas por alunos em protesto contra a reforma no ensino médio e a Proposta de Emenda a Constituição (PEC) 241 que limita os gastos públicos pelos próximos 20 anos, estão sendo invadidas por manifestantes e integrantes do Movimento Brasil Livre, que é contrário à ocupação.

No Colégio Lysimaco da Costa, no bairro Água Verde, a Polícia Militar interviu na situação e conteve a invasão do movimento contrário. A assessoria de imprensa da PM afirmou que não há mandado judicial para ser cumprido nesta noite e que os policiais estão no local acompanhando as manifestações.

O advogado dos alunos ocupantes, Vitor Leme, afirmou que o diretor da escola facilitou a ação “No momento em que o diretor disse que queria dialogar, ele foi autorizado a entrar, e abriu o portão para deixar membros do MBL entrarem e causar confusão aqui dentro. Aconteceram ameaças morais e de agressão física. Os alunos se trancaram dentro do prédio e a PM entrou e tirou os integrantes do MBL”, afirmou.

Integrantes do grupo de manifestação contrário passaram pelo primeiro portão, mas não pela segunda grade que protege o prédio onde estão os estudantes. A ocupação é mantida.

Leme afirmou que foi agredido. “Eu e mais dois alunos fomos agredidos quando tentamos entrar. Me bateram, puxaram meu cabelo”.

A aluna Clara Martinucio, 18, que é contra a ocupação confirmou que houve confusão entre os movimentos. “Eu sou contra a ocupação porque acho que a forma como está sendo feita é prejudicial. A PEC também é prejudicial e está sendo feita errada. Todos os alunos que não estão ocupando têm o direito garantido de estudar. Porque o direito dos alunos que ocupam é maior que o meu?”. Ao ser questionada se teve confusão respondeu: “é claro que teve, são dois movimentos contrários”.

O professor Ricardo Padrin que está no local, apoia os estudantes. “Eu estou me solidarizando com os estudantes aqui desde o primeiro dia [de ocupação]. Por volta de umas 20 horas havia uma aglomeração do outro lado da rua, com membros do MBL que vieram com toda uma infraestrutura para tentar pressionar a galera que estava lá dentro [da escola]. Os alunos não deixaram se abater. O MBL entrou com o carro de som inteiro dentro do colégio, depois a PM entrou e retirou os do movimento ‘desocupa'”, disse.

O Conselho Militar e os advogados que defendem o movimento estão no local.

O líder do Movimento Brasil Livre, Éder Borges, negou que os manifestantes tentaram desocupar a escola à força. “Nós viemos dar apoio aos pais e alunos que querem a desocupação das escolas. As pessoas tem o direito de estudar. A ocupação é um movimento partidário. Nós não tentamos desocupar a força. Como faríamos isso?”

Éder não negou que o MBL entrou na escola. “Nós entramos para acompanhar o movimento. Se você conhece o MBL sabe que nós nunca fomos de conflito”, afirmou.

Colégio Pedro Macedo

No Colégio Pedro Macedo um grupo de aproximadamente 50 pessoas que se identifica como pais, alunos e professores tenta defender o local.  A professora Mônica Ribeiro da Universidade Federal do Paraná (UFPR) foi apoiar os alunos. “Nós soubemos pelas redes sociais que estariam tentando desocupar a força essa escola. Nós viemos tentar ajudar para não ter violência contra os meninos. Tenho acompanhado as ocupações em várias escolas para explicar sobre a medida provisória”, afirmou.

Pais e alunos contrários às ocupações realizaram uma manifestação às 18h30 de hoje (27), no Colégio Leôncio Corrêa no bairro Bacacheri.

No Facebook, o Movimento Brasil Livre afirmou que “está desocupando mais uma escola no Paraná”.

Determinação judicial

A juíza Patrícia de Almeida Gomes, da 5ª Vara de Fazenda Pública, deferiu liminar para desocupação de 25 escolas de Curitiba, nesta quinta-feira (27). A multa em caso de descumprimento da ordem é de R$ 10 mil ao dia.

WhatsApp Image 2016-10-27 at 23.18.42“Expeça-se o competente mandado para desocupação voluntária imediata e caso não atendida, a ordem de reintegração de posse, requisitando-se à Polícia Militar do Estado do Paraná, para que com as cautelas próprias às particularidades do caso, assegure o cumprimento da presente decisão”, diz a liminar. O mandado de segurança também foi expedido. Um oficial de justiça seria o responsável por definir como e em que horário a desocupação deveria ser feita. O movimento dos estudantes precisa ser notificado antes da ação.

A decisão atende ao pedido da Procuradoria Geral do Estado (PGE).

Ocupações

Estudantes ocupam colégios estaduais do Paraná desde o dia 03 de outubro. De acordo com o movimento “Ocupa Paraná” são 850 escolas, 14 universidades e 11 núcleos de educação ocupados. A última atualização foi feita na sexta-feira (21), antes do assassinato de um estudante em uma das instituições.

A Secretaria de Estado da Educação (Seed) afirmou que são 672 escolas ocupadas. Em assembleia realizada na quarta-feira, no colégio José Loureiro, em Curitiba, com representantes de cerca de 600 escolas ocupadas, os estudantes decidiram manter as ocupações.

A assembleia foi realizada para decidir se as escolas seriam desocupadas até o dia 31 de outubro para a realização do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). A data foi imposta pelo Ministério da Educação para não adiar a realização do exame para os alunos das escolas ocupadas, marcado pra os dias 5 e 6 de novembro em todo o país.


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