Política

Postado dia 30/01/2023 às 17:48:11

Sucessão de Ratinho Jr no governo do Paraná deve ter disputa acirrada

Se nas eleições para o governo do Paraná em 2022, Ratinho Júnior (PSD) foi reeleito com facilidade no primeiro turno, em 2026, tudo indica que a corrida sucessória pelo comando do Palácio Iguaçu promete uma disputa muito mais acirrada. Colabora para esse cenário o fato de Ratinho Jr não poder concorrer a um terceiro mandato consecutivo, além do fato de que a política estadual deve passar por uma renovação geracional daqui a três anos.

No ano passado, Ratinho Jr derrotou o ex-governador Roberto Requião (PT) com larga margem de 69% dos votos contra 26% do adversário. Com 81 anos hoje, Requião chegará a 2026 com 85, e dificilmente terá fôlego para disputar pela sétima vez uma eleição para o governo. O mesmo pode se dizer sobre Alvaro Dias (Podemos), derrotado na disputa pelo Senado no ano passado.

Outro veterano que pode tentar o cargo é o prefeito de Curitiba, Rafael Greca (PSD), que deixa o cargo em 2024. Como prefeito da Capital, a candidatura de Greca seria natural. O prefeito emplacou recentemente seu vice, Eduardo Pimentel (PSD), como secretário de Estado do Desenvolvimento Urbano do governo Ratinho Jr. A nomeação sinaliza o apoio de Ratinho Jr e do próprio Greca à candidatura de Pimentel à sucessão do prefeito no ano que vem.

Outro possível candidato à sucessão de Ratinho Jr, o ex-governador Beto Richa (PSDB), só conseguiu se eleger deputado federal em 2022 por causa da impugnação da candidatura do ex-prefeito de Ponta Grossa, Jocelito Canto (PSDB), o que também indica dificuldades para sustentar uma tentativa de voltar ao Palácio Iguaçu.

A Secretaria de Desenvolvimento Urbano é vista como um trampolim para a ascensão política de seus titulares. O próprio Ratinho Jr comandou a Pasta no governo Beto Richa, deixando o cargo para articular sua candidatura ao governo. O cargo garante ao secretário bom trânsito com prefeitos, já que é responsável por obras do Estado nos municípios.

Por essa articulação, já se prevê, inclusive, que em 2024 o vice concorreria ao comando da Capital e Greca seria alçado à secretaria no lugar de Pimentel, quando ele deixar o cargo para disputar a prefeitura. Com isso, o atual prefeito garantiria força política para concorrer à sucessão de Ratinho Jr.

Há dúvidas, porém, sobre se Greca terá condições de saúde para enfrentar uma desgastante disputa ao governo. Desde 2017, o prefeito, que tem 66 anos, já foi internado cinco vezes por razões diversas.

Janela

Esse cenário abre espaço para o crescimento de novas lideranças políticas do Estado. Uma das que já é cotada para a disputa pelo governo é o senador diplomado Sergio Moro (União Brasil). Eleito com mais de 1,9 milhão de votos, o ex-juiz da Lava Jato se torna uma aposta natural da direita conservadora paranaense. A dúvida é se ele se disporá a assumir a condição de liderança regional, ou vai preferir tentar uma nova candidatura à Presidência da República, na tentativa de herdar o eleitorado bolsonarista, após a experiência frustrada de 2022. No ano passado, Moro teve que disputar o Senado, depois de não conseguir o apoio nem do Podemos, nem do União Brasil, para a sua pretensão de concorrer ao Palácio do Planalto.

Oposição não tem um nome natural no Paraná

Entre as forças de oposição, a grande dúvida é como se comportará a federação formada por PT, PV e PSB na eleição para o governo do Paraná em 2026. Após a vitória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na disputa pela Presidência da República no ano passado, a tendência é que o PT indique o candidato do bloco, já que das três legendas, é a que tem nomes com maior densidade eleitoral para a disputa.

Nesse cenário, a presidente nacional do partido, deputada federal reeleita, Gleisi Hoffmann, desponta como a liderança mais forte para concorrer ao Palácio Iguaçu pelo bloco oposicionista. No ano passado, ela foi reeleita para a Câmara com a segunda maior votação, atrás apenas do ex-procurador da Lava Jato, Deltan Dallagnol (Podemos). Além disso, ganhou a confiança de Lula ao comandar o PT durante a pior crise da história do partido, que culminou na prisão do presidente, em 2018, no auge da operação comandada pelo hoje deputado federal eleito.

Outro nome cogitado no PT é do atual presidente estadual do partido, deputado Arilson Chiorato. O parlamentar coordena a Frente sobre o pedágio na Assembleia Legislativa, e é líder da oposição a Ratinho Júnior na Casa, mas há dúvidas sobre o potencial eleitoral de sua candidatura.

Afastado da política desde 2018, quando desistiu de concorrer ao governo, abrindo caminho para a vitória tranquila de Ratinho Jr, o ex-senador Osmar Dias é uma incógnita no cenário da disputa política estadual. Derrotado nas eleições para o governo de 2006 por Roberto Requião e por Beto Richa em 2010, ele ainda segue como uma liderança de peso entre setores como o agronegócio do Estado. Em tese, poderia ser um nome de oposição com capilaridade para concorrer como candidato do centro democrático. Não se sabe, porém, se Osmar teria interesse em voltar ao centro do palco político e também capacidade para reconstruir um grupo capaz de sustentar uma terceira candidatura competitiva ao Palácio Iguaçu.


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