Política

Postado dia 31/01/2023 às 17:12:01

Conheca a nova bancada de deputados federais eleita pelo Paraná

Uma estratégia desenhada pelo PSD do Paraná, partido do governador do Estado, Ratinho Junior, fez aumentar a bancada da legenda na Câmara Federal. Durante os anos anteriores ao da eleição 2022, foram filiados na legenda diversos “puxadores de votos” que garantissem ao partido um bom resultado. Diante da mudança da regra de distribuição de votos e sem possibilidade de coligação, a estratégia deu certo, garantindo a eleição de sete deputados do PSD, a maior bancada paranaense no Congresso para a legislatura 2023-2026.

Comparada com os eleitos em 2018, o PSD ganhou três deputados, porém, as novas regras geraram um resultado bem comum: a eleição de apenas um deputado, ou nenhum, pela maior parte dos partidos do Paraná. A segunda maior bancada é do PT (que aumentou de três para cinco cadeiras), seguida pelo União Brasil (quatro), PP (quatro) e PL (três), estas três legendas mais à direita e próximas ao governador Ratinho Junior. Sete partidos elegeram um deputado cada, da bancada de 30 representantes.

Mesmo com esse desenho de centro-direita, a dinâmica do Congresso Nacional deixa ainda incerto o posicionamento dos deputados federais paranaenses diante das propostas do governo Lula. As bancadas costumam se concentrar nas pautas definidas pelo governo federal, principalmente preocupadas com as leis orçamentárias, que garantem recursos para seus nichos eleitorais.

“No Brasil há uma órbita gravitacional de poder em torno dos presidentes que é muito forte, devido à concentração de prerrogativas orçamentárias do Poder Executivo. Isso faz com que partidos legislativos colaborem com a agenda de governo em troca da participação na distribuição desses recursos. Com o novo governo não vai ser diferente. Creio que partidos e deputados orbitarão em torno do Poder Executivo em busca de recursos para suas bases (emendas parlamentares, cargos públicos), mas também demonstrarão que têm ideologias e agendas, o que funciona bem no Legislativo”, analisa o cientista político Diogo Tavares, doutorando em Ciência Política pela Universidade Federal do Paraná (UFPR).

Na opinião do especialista em Poder Legislativo, o desafio de Lula será organizar uma coalizão de partidos com ampla margem de distância ideológica e convencê-los de uma agenda comum. “A novidade aqui, diferente do primeiro governo Lula, é uma direita mais ideológica, com agenda própria e engajamento social. No entanto, creio que até mesmo partidos que apoiaram Bolsonaro na eleição tendem a participar do novo governo”, comenta.

Mesmo partidos como União Brasil e PP, no Congresso não conseguem fazer uma frente oposicionista como nos estados, pois parte do posicionamento de pauta e voto é definido pelas lideranças partidárias. A PEC da Transição foi um exemplo disso: partidos que apoiaram a reeleição do ex-presidente fecharam voto a favor da proposta, como Republicanos e PP.

Zeca Dirceu como líder do PT

Um dos destaques dessa legislatura é a figura do Líder de Governo, que estará nas mãos do petista paranaense Zeca Dirceu. Antes garantindo espaço para o chamado “centrão”, na figura do também deputado paranaense Ricardo Barros (PP) – que foi vice-líder de bancada no governo anterior de Lula – agora o presidente da República escolheu um petista “raiz”, e que deve ser, entre os paranaenses da base, o de maior destaque na Câmara.

As pautas do estado, diante dessa dinâmica de poder, devem ser discutidas em bastidores, em negociação direta entre deputados e ministérios. “Houve um tempo em que se acreditava que os governadores exerciam poder sobre as bancadas de parlamentares federais de seus estados. Acredito que essa influência já não é mais tão forte. Temos poucos exemplos de reunião da bancada federal com o governador e elas se limitam a discussões de temas muito específicos do Congresso, temas que mexem com o pacto federativo, indicação de emendas de bancada, entre outros”, comenta Tavares.

Se continuar no mesmo ritmo que em gestões anteriores, as pautas dos deputados paranaenses devem se concentrar nas ações e assuntos de interesses de suas bases.

Deltan e Moro na oposição

Pelo Paraná, a eleição de candidatos com histórico de participação na Lava Jato e no combate à corrupção pode trazer o tema novamente aos holofotes no Congresso Nacional. O deputado federal eleito Deltan Dallagnol (Podemos), campeão de votos no estado, e o senador eleito Sergio Moro (União Brasil), que se consagraram como principais nomes da operação responsável pela prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), devem atuar de forma conjunta para a defesa de pautas como o fim do foro privilegiado e a detenção de condenados em segunda instância judicial.

Campeão de votos, Deltan Dallagnol não conseguiu puxar ninguém do Podemos para a Câmara

E, se na Câmara as bancadas partidárias estão mais diversificadas, no Senado a eleição de Moro deve trazer maior destaque para uma voz de oposição paranaense. Assim como Alvaro Dias nos governos anteriores de Lula, Moro deve marcar posição contra as medidas do atual governo. Tanto Oriovisto Guimarães quanto Flávio Arns (ambos do Podemos) mantiveram posicionamentos mais tímidos diante das pautas nacionais, no Senado Federal.

Deputados eleitos para a Legislatura 2023/2026* (em ordem alfabética)

*Alguns deputados assumirão cargos nas esferas federal e estadual, abrindo espaço para suplentes

Aliel Machado (PV)
Beto Preto (PSD)
Beto Richa (PSDB)
Carol Dartora (PT)
Delegado Matheus Laiola (União Brasil)
Deltan Dallagnol (Podemos)
Diego Garcia (Republicanos)
Dilceu Sperafico (PP)
Enio Verri (PT)
Felipe Francischini (União Brasil)
Filipe Barros (PL)
Geraldo Mendes (União Brasil)
Giacobo (PL)
Gleisi (PT)
Leandre (PSD)
Luciano Ducci (PSB)
Luísa Canziani (PSD)
Luiz Nishimori (PSD)
Padovani (União Brasil)
Paulo Litro (PSD)
Pedro Lupion (PP)
Ricardo Barros (PP)
Sandro Alex (PSD)
Sargento Fahur (PSD)
Sérgio Souza (MDB)
Tadeu Veneri (PT)
Tião Medeiros (PP)
Toninho Wandscheer (Pros)
Vermelho (PL)
Zeca Dirceu (PT)


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