Assaí

Postado dia 12/01/2011

Em nossa comunidade, a juventude são dificuldades ou desafio?

Vivemos em um tempo que se coloca a juventude como causa da maioria dos problemas relacionados ao mundo, cheio de diversidade. Pergunto então: as juventudes trazem dificuldades ou desafios?

Esta é, contudo uma pergunta complexa. Ela deveria ser raiz de profunda reflexão para pais, professores e os diversos agentes, que nas diferentes igrejas, lidam com esse público. Será que não estamos vendo pelo viés equivocado possíveis reflexões podem vir a ajudar a que se compreenda melhor o momento pelo qual os jovens passam atualmente?

Há, porém, um espaço em que tais reflexões são postas em estudos Nesses dias ocorre em Porto Alegre a última etapa do Curso de Assessores de Jovens (CAJO) que até este ano foi coordenado pelo Instituto de Pastoral de Juventude do Rio Grande do Sul, o famoso IPJ. Este curso que está estabelecido há trinta anos, comemorados no ano passado, é um marco na referência para o estudo e formação de agentes da juventude. Trata-se de uma verdadeira ferramenta no debate sobre a realidade juvenil. O primeiro ponto que marca sua proposta é que não há como olhar os jovens com o olhar mais comprometido sem primeiro conhecer sua realidade ou podemos dizer “realidades.” Não há possibilidade de diálogo que alcem a juventude em protagonizar aspectos essenciais nesta etapa de suas vidas, se não adentrarmos a suas especificidades.

Se olharmos ao redor, vamos nos dar conta de que muito do que envolve a juventude se configura sem sua contribuição nos processos de articulação, preparação e execução de atividades e projetos. E os que ainda possam estar fazendo algo, na maioria das vezes, ou são manipulados, ou estão servindo a interesses de outros. Neste sentido a perversidade com que pais, professores e agentes percebem a juventude, não permeiam o verdadeiro papel o qual deviam exercer. Em última instância, seja em que momento for da vida desses jovens, o papel desses cuidadores deveriam ser pautado pela a edificação de sua autonomia.   

Se estes não conseguem produzir conceitos e atitudes que ajustem o seu bem estar a partir da autonomia, em vão será o nosso desejo de uma juventude coerente e compromissada. Desta maneira podemos encarar, e compreender que o jovem, marcado pela singularidade realidade juvenil atual, não é uma dificuldade, mas um desafio que a cada dia marca a nossa história, e dá sentido aos papeis existências de seus pais, professores e agentes comunitários.

Entre tantos papéis, pais, professores e agentes podem desenvolver ao largo da caminhada de compreensão da realidade juvenil e sua função junto dos jovens, devem ser para além de pais, professores e agentes comunitários em meio à juventude. É preciso ser antes de tudo, educadores, amigos, acompanhantes para que possam perceber nossa presença, não como disciplinadores, mas como cuidadores de vidas que prenunciam a vida.

É preciso empreender a busca de uma companhia sincera entre os jovens, que muito clama pela presença adulta.  O chamado é para que se compreenda a juventude, pois as vezes não se consegue identificar esse clamor e a resposta daqueles que deveriam cuidar, vem por meio de privações, limites desconcertantes, quando não  se ridiculariza os jovens para poder demonstrar o poderio do adulto.

No nosso pequeno município, Assaí, urge uma mentalidade que possa trazer em primeiro plano o conhecimento com profundidade a respeito da realidade juvenil, apostar no protagonismo da juventude e ajudá-la a trilhar no caminho da autonomia. Os pais buscam exercer este dever, mas se isso não acontece, os professores têm por responsabilidade ética e moral de ajudá-los a realizar este processo. Pode não acontecer, mas um verdadeiro educador não deixará passar a chance.

* Rafael Amaral Ferreira, nascido 1975 em Assaí.  No ultimo ano neste município em Distrito Pau D'Alho do sul,  formado em Teologia e Filosofia pela PUCRS - Porto Alegre. Tem a formação não concluída em Filosofia Clínica no Instituto Packter de Porto Alegre. Foi seminarista diocesano, e religioso na Fraternidade Apostólica da Boa Nova em São Leopoldo - RS. Tem sua  causa dedicada ao estudo e defesa da juventude, herança herdada na participação da Pastoral da Juventude, e que hoje é assessor, no RS desenvolvia assessoria em nível estadual. No RS ajudou no processo de articulação da PJ, sócio fundador de uma Cooperativa de Educadores, que ainda está em atividade, e participou da comissão ética de entidades de São Leopoldo no auge da crise política desta cidade entre os anos 2003 a 2005. Foi coordenador estadual do Movimento de Ecumênico de Estudantes de Teologia do RS,  presidente do Diretório Acadêmico "Bartolomeu de las Casas" na Escola Superior de Teologia, e secretário de Ecumenismo no Diretório de estudantes de Teologia da PUCRS. Atualmente é professor de filosofia na rede estadual nas escolas estaduais de Assaí. 


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