Notícias

Postado dia 17/01/2011

Responsabilidade, solidariedade e fraternidade começam em casa

Em tempos de adversidade e ambientes de multiculturalidade, cada vez mais as pessoas desenvolvem sentimentos reducionistas sobre tantos valores aprendidos no decorrer de vida.

É cada vez mais constante ouvir pessoas insatisfeitas com a falta de compaixão e fraternidade, especialmente no cotidiano das grandes cidades, onde o tempo das relações tem sido reduzido e a presença física substituída pela tecnologia, mesmo dentro de casa, em pequenas famílias. O sentimento de solidão parece que aumentou. Ao mesmo tempo em que as pessoas vivem no seu dia a dia as banalizações de valores como fraternidade, solidariedade, compaixão e responsabilidade, por outro lado, procuram atividades que contemplem estes valores humanos, mostrando uma atitude paradoxal.

Recentemente, em uma conversa informal, debatemos sobre "o mal do mundo" que reside na ausência de humanidade, ou seja, na ausência dos valores familiares que cada um de nós adotou e que nas últimas gerações parece não fazer mais sentido.

Falemos apenas de um destes valores que são fundamentais para que as relações familiares e sociais sejam saudáveis: a responsabilidade, tão divulgada e solicitada nas diversas situações das relações humanas. Aprendemos que responsabilidade é uma atitude e compromisso individual no convívio humano e que pertence ao grupo dos que são tidos como inteligentes na escala animal, portanto nós, seres humanos.

Aprendemos que responsabilidade é a senha para ser adulto emancipado, "dono do próprio nariz" e das próprias decisões. Aprendemos que ser responsável é ser dono dos próprios atos e das conseqüências que eles possam ocasionar. No entanto, o que se observa é um cenário social em todas as dimensões com exemplos e situações onde a responsabilidade não se faz presente, ou melhor, que a irresponsabilidade tomou o lugar de "honra" nas esferas política, social, familiar, empresarial, educacional e pessoal, onde os indivíduos apenas assistem anestesiados a uma variedade de fatos e ficam imobilizados como se ingerissem um novo ópio: o descaso pela vida, o abandono pelo ser humano próximo e pela solidariedade fraterna, valor maior da humanidade.

"A meu ver, criamos uma sociedade em que as pessoas acham cada vez mais difícil demonstrar um mínimo de afeto aos outros. Em vez da noção da comunidade e da sensação de fazer parte de um grupo, uma característica que achamos tão reconfortante nas sociedades menos afluentes, encontramos um alto grau de solidão e perda de laços afetivos. Apesar de milhares de pessoas viverem em grande proximidade, parece que muita gente, principalmente os velhos, não têm com quem falar, a não ser com os bichos de estimação" (Dalai-Lama, 2000).

A atitude impulsiva aos apelos comerciais, a supervalorização pelo ter e pouco pelo ser individual, desenvolvem um sentimento de pertencimento pelo que é material. Este sentimento superficial origina a necessidade de demonstrar competências e habilidades individuais, e nestas a competição é a palavra chave das relações, com um grau de rigor que suprime a solidariedade e fraternidade, mesmo nas relações familiares ou de vínculos mais próximos como os de trabalho.

O "vale tudo" parece ocupar lugar nas relações e as pessoas nelas envolvidas assimilam rapidamente como natural e aceitável, aquilo que é inaceitável, desde situações de abandono de um bebê em um rio poluído de uma grande cidade até a insegurança pública absurda que ronda as ruas, adentra as casas e mata pais e filhos de uma vez só.

Onde está a nossa indignação? Valor também aprendido e agora já perdido...

Precisamos começar tudo de novo, recomeçar com uma nova lição, retomando alguns ensinamentos que preservávamos como fundamentais para o amadurecimento de qualquer ser humano - digno, responsável, ético e honesto - se quisermos fazer a sociedade e o planeta que habitamos um pouquinho melhor.

Somos todos responsáveis pela preservação da natureza, somos todos responsáveis em difundir e espalhar a fraternidade nos pequenos gestos e atitudes; na solidariedade, a começar dentro de casa; na família de todo dia. Somos responsáveis pela grande fraternidade mundial através do amor fraterno, do sorriso, do acolhimento e da sinceridade do olhar.

Começar de novo com novo propósito: Por qual caminho? Com que mestre? Em que escola? Com que governo?

Comece fazendo o melhor que puder, por você, por alguém.

Comece hoje, com consciência e amor.

"Ao cultivarmos um sentimento profundo e carinhoso pelos outros, passamos automaticamente para um estado de serenidade. Esta é a principal fonte da felicidade" (Dalai-Lama, 2000).

 

psicóloga Vera Maria Carvalho 

Coordenação do INTERCEF – Instituto de Terapia e Centro de Estudos da Família



comente esta matéria »

Copyright © 2010 - 2024 | Revelia Eventos - Cornélio Procópio - PR
Desenvolvimento AbusarWeb.com.br