Assaí

Postado dia 24/01/2011

Chega de violência e extermínio de jovens

A naturalidade em que se encaramos acontecimentos relativos à violência e à morte de jovens, em Assaí, região ou em âmbito nacional, faz com que isto seja entendido apenas como questão rotineira dos noticiários em uma sociedade que não assume a sua responsabilidade com a juventude.

No Brasil foram mortos em 10 anos 520.126 jovens, isso foi mais guerra de Angola, que durou 25 anos e que morreram cerca de 300 mil de pessoas. É por isso que no Brasil a morte dos jovens é considerado um extermínio.

Quando a sociedade não fica perplexa com que os jovens e adolescentes estão andando armados, ou que outros menores de idade, trafiquem ou usem de violência com outros, que estejam encarcerados, é porque já se perdeu a noção da responsabilidade social que se tem para com estes. Onde estão as nossas instituições, desde a família, Igreja, escola e tantas outras que não se revoltam e não se organizam contra estas situações?

A violência não é natural. Para dar resposta a estas situações as Pastorais da Juventude do Brasil, há mais de um ano lançaram uma campanha a nível nacional que tem como slogan “Chega de Violência e Extermínio de Jovens”. Esta frase da campanha foi dita pelo Padre Gisley Azevedo Gomes - assessor nacional do setor juventude da CNBB, e que foi assassinado pouco tempo depois.  

O intuito é denunciar que a morte de tantos jovens é um extermínio contra a juventude, e que se faz necessário criar uma cultura de paz. A campanha está sendo de tal forma organizada que a Rede Globo, a partir de uma pesquisa feita entre as campanhas sobre violência, escolheu o cartaz de divulgação para que pudesse estar presente na novela Passione, no capítulo de 2 de outubro de 2010.

A partir dessas informações surgem alguns questionamentos para a população assaiense: alguém já viu alguém dizer algo sobre a campanha, em algum lugar? Será Assaí uma cidade tão pacata que não necessite enveredar por uma campanha como esta? Será as instituições assaiense incapazes de encabeçar tal campanha?

Entre essas perplexidades o primeiro grito que ecoa, e que deve ser escutado, é o da juventude. Em todas as situações eles só querem dizer que “a juventude quer viver” e clama por vida e atenção. Não se pode achar normal que um jovem esteja na rua com uma arma para se defender. Alguma coisa soa errado. Será que ele não conhece seus direitos? Porque não fez uma denuncia ao Conselho Tutelar? Onde estão os responsáveis deste jovem. 

Em uma cidade de interior como é Assaí, as mortes e violências dos últimos tempos, não podem ser encaradas com naturalidade. Ou se procura dar uma resposta direta e incisiva, ou assistiremos a coisas piores.

Não se pode entrar na onda que se cada um fizer sua parte as coisas melhorem. Urgem meios que as instituições, sociedade civil organizada e poder público possam dar respostas que tragam garantia de direitos básicos para os jovens. Por consequência a sociedade em todas as suas estruturas precisa ajudar a juventude a se organizar e buscar os seus direitos.

Rafael Amaral Ferreira, formado em Teologia e Filosofia pela PUCRS, de Porto Alegre, e atualmente é professor de Filosofia na rede estadual em Assaí (PR)



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