Diário de viagem: o Rio de Janeiro continua lindo

Acompanhar o réveillon no Rio de Janeiro, com queima de fogos com 17 minutos de duração e aglomeração de aproximadamente 2.4 milhões de pessoas, é uma experiência fantástica. Bem, evento grandioso já tive a oportunidade de acompanhar de perto, como visita ao Vaticano em 2010, ocasião na qual ocorreu a beatificação do papa João Paulo II, que reuniu cerca de 2,1 milhões de fiéis.

Rio de Janeiro se mostra, para mim, paixão de longa data. Inclusive dois romances meus, "Segredo dos Mortos" e "Chocolate Roubado", têm aquela cidade como pano de fundo, ainda que eu não conhecesse pessoalmente tal localidade.

Ainda que no imaginário popular dos tempos modernos, Rio seja quase sinônimo de violência, para alguns, em função do noticiário cotidiano, quem esteve na capital fluminense para o Réveillon 2018 não levou para casa tal percepção.

Havia muitos policiais e viaturas ao longo das principais vias públicas que margeiam importantes praias como Leme, Copacabana, Ipanema e Leblon. Entre os quase 2.000 policiais destacados para dar segurança ao evento, houve também aquelas equipes posicionadas, durante a madrugada, em várias esquinas dos inúmeros bairros da zona sul. 

Mesmo que eu não seja fã da popstar Anitta, nem tenha parado outras vezes para ouvir atentamente a suas músicas, o show da funkeira contagiou a todos, colocando o público para dançar e rebolar, ao som de "Bla, Bla, Bla", "Zen", "Deixa ela chorar", "Is that for me", "Paradinha", "Sua cara", "Você partiu meu coração", "Show das Poderosas" e "Vai Malandra", entre outras.

O público foi mesmo ao delírio quando, quase ao final do show, a prata da casa. Anitta, que é de Honório Gurgel, subúrbio do Rio, disse que "vocês acharam que eu não ia rebolar minha bunda hoje?". e começou a dançar o "quadradinho". 

Aproveitando a grande vitrine do Carnaval e do Réveillon, em parceria com o Ministério do Turismo (MTur), o governo estadual também quer atrair maior número de visitantes durante todo o ano. Por isso, desenvolvem o programa Rio de Janeiro a Janeiro que recebeu 678 propostas de eventos a serem realizados na capital; na região metropolitana e no interior do estado.. Daquele total, haverá a escolha de 93 eventos a ser incluídos no calendário esportivo e cultural da cidade.

O melhor acolhimento do turista nacional e estrangeiro passa também por implantação de UPP (Unidade de Polícia Pacificadora), com avanços em algumas comunidades, a exemplo do Morro do  Vidigal e Rocinha. até em função de sua localização privilegiada. 

Em Vidigal, por exemplo, policiais acompanham o fluxo de pedestres e veículos logo à entrada e em outros pontos do morro. A sensação de segurança experimentada em Vidigal fez com que empreendedores locais abrissem ou ampliassem negócios na comunidade, que ganhou prédios de até oito andares. Situação no entanto que causa apreensão no momento devido aos recentes confrontos decorrentes da disputa pelo controle do tráfico na Rocinha, comunidade vizinha.

O Rio continua mesmo sendo cidade maravilhosa, ainda que não nos esqueçamos das mazelas sociais e dos maus políticos que têm dominado a cena. Mas o Rio tem ainda um pouco da poesia de Carlos Drummond de Andrade, a quem o Brasil e o mundo rendem homenagens.

por Mattheus Hermanny, editor do site Revelia

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